BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) – A Polícia de Segurança Pública (PSP) de Portugal afirmou ao UOL que identificou seis jovens suspeitos de agredir dois brasileiros negros em Vila Nova de Gaia, na madrugada do último sábado (30).
Os suspeitos são cinco homens, sendo quatro portugueses e um brasileiro, e uma mulher, com idades entre 19 e 25 anos.
Na sexta-feira (5), as vítimas irão à delegacia de polícia fazer a identificação dos suspeitos, informou a advogada dos brasileiros agredidos, Ludmila Poirier.
Os dois brasileiros são o produtor cultural e aluno de doutorado Bruno César Marcelino, 31 anos, que mora na cidade de Porto há dois meses, e o cozinheiro Kaique Soares, 23 anos. Eles foram a uma festa no Cais de Gaia, uma região turística e boêmia em Vila Nova de Gaia, cidade ao lado. Por volta das 3 da manhã, saíram do local.
Segundo eles, um grupo de cerca de dez jovens, a maioria brancos, incluindo uma mulher, com sotaque português, cercados por latas e garrafas, pediu a eles pediu 10 euros (R$ 53). Bruno e Kaique disseram que não dariam o dinheiro e, a partir daí, passaram a receber socos e chutes na cara e nas pernas
As agressões ocorreram por volta de 3h30 da madrugada na avenida Diogo Leite, segundo a Polícia de Segurança Pública.
Marcelino contou ao UOL que os criminosos sequer tentaram roubá-los e que a única intenção era bater nos dois. Como o produtor cultural e Soares estavam de mãos dadas no momento da abordagem, Marcelino suspeita que o motivo foi discriminação contra homossexuais, homofobia, ou estrangeiros, xenofobia. Hoje, ele acredita que não houve relação com racismo. A advogada deles entende que a motivação real será descoberta com o avanço das investigações.
“[Pedir dinheiro] era só um motivo para irem para cima. Um soco na cara. A gente tentou fugir, sair correndo. Aí, eles me puxaram pela minha touca. Nessa, eu caí. Quando caí, começaram a dar socos e chutes na minha cabeça”, disse Bruno Marcelino, produtor cultural.
Em nota ao UOL, o superintendente do Comando Metropolitano do Porto da PSP, Pedro Neto Gouveia, afirmou que os agentes receberam informações de “prática de desacatos envolvendo diversos indivíduos” e foram até o local atender as duas vítimas. Em um documento da polícia que faz parte da investigação, consta a expressão “crimes contra o patrimônio”.
Marcelino diz que a polícia demorou para abordar o grupo de jovens. Quando a polícia chegou, só localizou seis suspeitos de terem espancado os brasileiros.
“Nas imediações do local foram interceptados e identificados 6 cidadãos, 5 homens e 1 mulher, com idades compreendidas entre os 19 e os 25 anos de idade, por terem sido indicados pelas vítimas como fazendo parte do grupo agressor”, disse Pedro Gouveia, superintendente da polícia.
A advogada Ludmila vai acompanhar Marcelino e Soares no reconhecimento dos suspeitos na sexta-feira (4). A razão verdadeira da violência ainda será apurada na investigação, disse ela ao UOL. Os episódios de violência contra estrangeiros ainda são comuns nessa região de Portugal, completou Ludmila.
“Nessa zona, onde ficam rapazes entre 12 e 17 anos que não fazem nada, não têm trabalho, não têm um direcionamento na vida. Estão ali para provocar outros grupos e criar confusões. Já aconteceu com outras pessoas de outras nacionalidades”, disse Ludmila Poirier, advogada.
Um morador de Porto afirmou à reportagem que, recentemente, vários jovens de cerca de 15 anos costumam aparecer no Cais de Gaia para cometer furtos e assaltos.
A Polícia de Segurança Pública não esclareceu ao UOL se localizou os demais suspeitos, se buscou testemunhas e as ouviu e se procurou por câmeras de segurança nos restaurantes e ruas da região.
EDUARDO MILITÃO / Folhapress