Polícia de SP investiga se responsáveis por incêndios agiram sozinhos ou tiveram mandantes

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil acionou o seu serviço de inteligência que atua em Ribeirão Preto (315 km de São Paulo) na tentativa de auxiliar às investigação sobre os incêndios que afetaram a região na última semana. Até No estado três pessoas foram presas suspeitas de envolvimento nos incêndios.

Vídeos também estão sendo analisados com o objetivo de filtrar as apurações. Um dos focos dos trabalhos é chegar aos responsáveis pelo fogo e descobrir se eles agiram sozinhos ou a mando de outras pessoas.

A Polícia Civil ainda não descarta hipóteses para o fogo, mas afirma ser prematuro associar a ação de organizações criminosas. A possível participação do crime organizado e a relação entre os fatos é investigada pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) de Ribeirão Preto.

“Nós estamos falando de incêndio pequeno e incêndio grande. Se nós chegarmos a alguma coisa organizada, aí vai entrar na lei do crime organizado”, disse o delegado Jorge Amado Cury Neto, diretor do Deinter 3 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), que cuida do caso.

“O que nós vivenciamos esses últimos quatro, cinco dias é algo que eu nunca vi em Ribeirão Preto e na nossa região”, acrescentou Neto, no cargo desde janeiro de 2023.

Os incêndios causaram acidentes e interrupção de aulas e lotaram hospitais, entre outros transtornos em diversas regiões do estado. Duas pessoas morreram e outras 66 ficaram feridas, de acordo com a Defesa Civil.

Um homem preso em Batatais no domingo (25), disse aos policiais pertencer a uma facção criminosa. Ele foi localizado após uma denúncia anônima apontar a presença de uma pessoa colocando fogo em vegetação seca próximo ao bairro Central Park.

De acordo com o histórico da ocorrência, antes de ser abordado pelos policiais, o homem tentou enterrar no solo uma garrafa com gasolina e um celular. O suspeito teria confessado o crime. Ainda segundo a polícia, ele gravou vídeos exaltando o incêndio.

O mesmo homem passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, ou seja, sem prazo. De acordo com o Tribunal de Justiça, ele foi indiciado por causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outra pessoa. Com o agravante de incêndio em lavoura, pastagem, mata ou floresta.

“Nós não podemos descartar nada. Porque tem ações isoladas e tem ação da natureza também, que espalhou demais o fogo. O negócio foi tão macro, houve floresta, reserva ambiental, parte rural, parte da cidade, parte urbana. O que aconteceu na região nos últimos quatro, cinco dias foi algo impactante”, disse Neto.

“Na sexta e no sábado, a nossa preocupação era salvar vidas, salvar os animais e liberar rodovias, porque criou um grande problema para a população, além do fogo, as rodovias interditadas. A mobilidade da população ficou comprometida. A partir de ontem [domingo], nós começamos um trabalho para investigar e apurar eventuais responsabilidades disso tudo, porque nós temos que entender esse cenário”, acrescentou o delegado.

Ainda conforme ele, foram abertos inquéritos policiais em delegacias e seccionais vizinhas a Ribeirão Preto. No total, o Deinter 3 abrange 93 municípios.

Além da Polícia Civil, o Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente), órgão do Ministério Público, acompanha as queimadas pelo estado. Segundo o promotor Luis Fernando Rocha, secretário executivo do Ridam (Rede Integrada de Defesa Ambiental), procedimentos foram abertos para investigar as ações e seus responsáveis.

Com o agravamento da situação, o governador viajou no domingo para Ribeirão Preto. Ele anunciou um plano emergencial para garantir o reforço nos atendimentos a casos respiratórios em decorrência da fumaça e baixa umidade do ar.

O plano prevê a ampliação dos serviços de telemedicina para consultas de triagem e acompanhamento de condições respiratórias, reduzindo a sobrecarga nas unidades de saúde.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, três pessoas foram presas desde a semana passada em virtude de incêndios em área de vegetação, incluindo o caso em Batatais.

No sábado (24) um idoso de 76 anos foi detido por atear fogo em lixo em uma área de mata no Jardim Maracanã, em São José do Rio Preto. Um outro homem de 26 anos havia sido preso na semana passada em Guaraci, na região de Barretos, após iniciar incêndio em diversos pontos de um canavial próximo a área urbana.

Além das prisões, a Polícia Militar Ambiental encontrou dois homens com lenhas em chamas para limpeza de vegetação em área de preservação permanente de Porto Ferreira. Diante do flagrante, eles foram multados em cerca de R$ 15 mil. Um dos infratores era proprietário de um sítio. Contra eles foram registrados seis autos de infração ambiental.

PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress

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