BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Distrito Federal está em busca do pastor Osório José Lopes Júnior, apontado como líder de uma organização criminosa que aplicava golpes em fiéis e pode ter feito mais de 50 mil vítimas no Brasil e no exterior. Ele é considerado foragido.
A reportagem tenta contato com o advogado do pastor, mas ainda não o localizou.
De acordo com informações da Polícia Civil, o pastor e outros suspeitos usavam uma teoria conspiratória conhecida como “Nesara Gesara” como parte da estratégia para persuadir as vítimas a investirem suas economias em operações financeiras fraudulentas ou projetos falsos de caráter humanitário.
Conforme as investigações, o grupo tem aproximadamente 200 integrantes, incluindo pastores. Uma pastora foi presa nesta quarta (20) em Santa Catarina
Essas ações eram apresentadas com a promessa de retornos financeiros imediatos e lucros extraordinários. A polícia identificou em uma das conversas que, se a pessoa fizesse um depósito de R$ 25 poderia receber um retorno nas operações no valor de 1 octilhão de reais -um número com 27 zeros: R$ 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.
Para comparação, o homem mais rico do mundo, o bilionário francês Bernard Arnault, proprietário do grupo de marcas de luxo LVMH, possui um patrimônio de US$ 217,5 bilhões, o equivalente a R$ 1 trilhão na moeda brasileira. Esse valor tem 15 zeros a menos do que o octilhão mencionado.
A apuração que os pastores usavam os fiéis frequentadores de suas próprias igrejas como vítimas. O contato com era feito principalmente por meio das redes sociais e aplicativos de mensagens, sendo a maioria das vítimas composta por evangélicos.
A Operação Falso Profeta foi conduzida nesta quarta (20) pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária, vinculada ao Decor (Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado) do Distrito Federal.
Participaram da operação cerca de 100 policiais civis do DF e de Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, onde houve o cumprimento de mandados de busca e apreensão.
A investigação revelou uma movimentação financeira superior a R$ 156 milhões nos últimos cinco anos. Além disso, foram identificadas aproximadamente 40 empresas consideradas fantasmas ou de fachada, juntamente com a suspeita de existência de 800 contas bancárias relacionadas ao esquema criminoso.
“Como instrumento da fraude, os investigados constituem pessoas jurídicas ‘fantasmas’ e de fachada simulando ser instituições financeiras digitais (falsos bancos), com alto capital social declarado, através das quais as vítimas supostamente irão receber suas fortunas”, afirma a Polícia Civil.
Segundo a corporação, os alvos poderão responder, a depender de sua participação no esquema, por estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.
RAQUEL LOPES / Folhapress