RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou nesta quarta (25) os restos mortais que seriam de Anic Herdy, 54, advogada desaparecida desde fevereiro. O principal suspeito do crime, Lourival Fatica, afirmou em audiência que a matou e a concretou na garagem da casa em que morava, em Teresópolis, região serrana.
Um exame de DNA irá comprovar se o corpo realmente é da advogada que continuou desaparecida mesmo após a família pagar um resgate de R$ 4,6 milhões para libertá-la.
O corpo, em avançado estágio de decomposição, tinha torniquete no pescoço e estava enrolado em plástico bolha. A polícia precisou usar uma britadeira para quebrar o concreto e escavar cerca de um metro de profundidade para chegar ao corpo, segundo investigadores.
Em audiência, Lourival afirmou que matou Anic com um soco na traqueia em um motel. Depois disso, ele afirmou que levou o corpo no seu carro, o enterrou em um buraco e jogou concreto em cima.
Ainda segundo seu depoimento, ele disse que o mandante do crime seria o marido de Anic, Benjamim Cordeiro, um dos filhos do fundador de um complexo educacional da Baixada Fluminense. A defesa do empresário nega as acusações. “Trata-se de mais um ato de desespero e crueldade”, afirmou o advogado João Vitor Ramos.
A delegada Cristiana Onorato, titular de 107ª DP (Teresópolis), afirmou que nenhuma prova foi encontrada contra o marido de Anic.
RELEMBRE O CASO
Quatro pessoas são suspeitas de participar do crime, incluindo Fatica que se passava por policial federal e trabalhava para a família de Anic. Os outros suspeitos são parentes de Fatica.
Anic sumiu após sair de um shopping em Petrópolis, onde morava. Imagens de câmeras de segurança mostram a vítima entrando em um elevador. No mesmo dia, seu marido recebeu uma mensagem que exigia o resgate de R$ 4,6 milhões para libertá-la.
Mesmo com o pagamento realizado, Anic não apareceu. A polícia trabalha com a hipótese que ela tenha sido morta.
O principal suspeito é Fatica, ex-funcionário que atuava na segurança da família e que ficou encarregado do pagamento do resgate. No mesmo dia em que o valor foi entregue aos supostos sequestradores, o funcionário fez a compra de uma caminhonete no valor de R$ 500 mil, uma moto, e 950 celulares.
Todo o pagamento dessas compras foi realizado em dinheiro. Além disso, ele aconselhou a família a não procurar a polícia, segundo os familiares de Anic, o que retardou o início das investigações.
Após o pagamento do resgate, uma mensagem foi enviada do celular de Anic, supostamente escrita por ela. A polícia suspeita que os sequestradores tenham escrito a mensagem enviada ao marido. Nela, a advogada dizia que havia simulado o sequestro porque queria o dinheiro para fugir com um homem.
“A inicial da ação penal também destaca que o marido da mulher desaparecida realizou mais de quarenta transferências bancárias por orientação do funcionário e em contas por ele indicadas para aquisição de dólares, também para pagamento do resgate”, afirmou a Promotoria.
O Ministério Público acrescentou, ainda, que há “suspeitas de que a vítima sequestrada foi assassinada pelo grupo e teve seu cadáver ocultado, motivo pelo qual as investigações prosseguirão em procedimento investigatório criminal próprio. Também há indícios da prática dos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que serão devidamente apurados”.
BRUNA FANTTI / Folhapress