SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um casal proprietário de uma escola no Jardim da Glória, zona sul de São Paulo, é investigado pela Polícia Civil por suspeitas de tortura e maus-tratos a alunos e de submetê-los a situação vexatória.
A investigação teve início após professores e pais denunciarem agressões físicas e verbais contra as crianças, gravadas em vídeos.
O delegado Fábio Daré, do 6° DP (Cambuci), solicitou à Justiça nesta quinta (22) a prisão temporária dos responsáveis pelo colégio, cujos nomes não foram revelados.
A advogada Fabiana Cristina de Macedo Cayres afirmou à reportagem, na noite desta sexta (23), que os “donos da escola negam veementemente as acusações, são totalmente inocentes”. Ela disse que não teve acesso às informações da polícia sobre o caso.
O casal ainda não foi ouvido pela polícia, de acordo com o delegado.
Daré disse que soube na última segunda-feira (19) de um boletim de ocorrência contra os proprietários. Desde então, foram ouvidas duas funcionárias e 12 mães –de alunos com idade de 1 ano e 8 meses a 6 anos.
De acordo com a polícia, as mulheres que lidavam com os alunos afirmaram que discordavam das atitudes dos donos da escola e que não chegaram a receber salário.
Ainda segundo o delegado, há indícios de “violência psicológica” contra as crianças.
“Colocar uma criança de 1 ano e 8 meses dentro de um quarto escuro por horas. Colocar uma criança com incontinência urinária sentada num balde para urinar e defecar ali, para não sujar a escola. Colocar essa mesma criança num ralo para fazer as necessidades pessoais dela. Amarrar uma criança num pilar. Esses elementos me levaram a crer que houve tortura na escola”, disse Daré.
“As oitivas delas foram muito concatenadas, uma bateu com a outra”, acrescentou.
Em uma imagem a que a reportagem teve acesso, uma criança aparece com as mangas da blusa amarradas. A medida seria um castigo imposto por ela fazer xixi na roupa.
Suspeita-se que apenas os donos do colégio agrediram as crianças, segundo o delegado. Não há indícios, de acordo com ele, da participação de professores.
Uma ex-funcionária, que trabalhou na escola em 2016, procurou a delegacia após a repercussão do caso e relatou ter presenciado situações de maus-tratos enquanto esteve na unidade.
“Quando uma pessoa começa a expor uma situação, os outros pais começam a perder o medo de se expor também”, disse o delegado.
PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress