Polícia subestimou presença de torcedores do Peñarol em praia do Rio

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Torcedores do Peñarol voltaram a se envolver em uma confusão no Rio de Janeiro. É pelo menos a terceira vez em cinco anos, a segunda na região do Recreio, na zona oeste da cidade, em 2024. A região foi indicada pelas forças de segurança e o clima ficou ainda mais quente após um episódio em 2019.

O ponto de encontro na Praça do Pontal foi decidido em reunião com as autoridades. O próprio Peñarol divulgou um comunicado avisando aos torcedores na manhã de terça-feira. A nota dizia que o local tinha capacidade para receber “toda a torcida e fica na frente da praia, ideal par quem quer aproveitar o dia antes da partida”.

No duelo contra o Flamengo, em setembro, houve esquema especial para isolar o camping na Praia da Macumba. Desta vez, porém, a polícia subestimou os eventos que poderiam acontecer.

O Peñarol disponibilizou 35 ônibus para levar torcedores do ponto de encontro ao estádio. Depois, asseguraria o retorno. Além disso, mais 20 ônibus vindos do Uruguai se somariam a esses já mencionados. Mesmo depois da confusão, alguns ônibus saíram da orla após o horário inicialmente combinado. Todos os uruguaios foram revistados e escoltados pela polícia.

As autoridades brasileiras já haviam alertado o clube sobre algumas práticas de segurança. Elas incluíam que torcedores sem ingressos não poderiam chegar a menos de 100 metros do estádio e também que qualquer torcedor identificado causando problemas seria preso imediatamente e precisaria arcar com os danos causados.

A Prefeitura do Rio afirmou ter sugerido outras alternativas por entender que a localidade traria problemas. A PM insistiu no Recreio. O Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, admitiu falha no planejamento e assumiu a responsabilidade, mas afirmou que qualquer lugar é adequado desde que se promova condições necessárias para segurança.

283 pessoas foram detidas após o caos instaurado na Praia do Recreio. A ação durou cerca de 1 hora e meia e teve furtos, saques a quiosques, depredação e veículos queimados.

No início da noite, 21 das 283 pessoas levadas à Cidade da Polícia já tinham sido presas. As acusações eram de porte de arma, racismo, roubo, associação criminosa, incêndio, dano qualificado e resistência à prisão. Seis ônibus lotados foram até o local para que os uruguaios prestassem depoimento. Entre esses detidos, 42 são mulheres.

Os torcedores que permanecerem presos vão ficar no Brasil para responder pelos crimes. Eles ainda podem ser deportados para cumprirem pena no Uruguai. Quem for liberado será escoltado para fora do Estado do Rio até a divisa com São Paulo. De lá, a polícia local assume o transporte até que cheguem ao país de origem.

MORTE EM 2019 POTENCIALIZOU VIOLÊNCIA

Em 2019 aconteceu o caso mais grave dessas confusões envolvendo a torcida do Peñarol. Os uruguaios atacaram uma excursão de rubro-negros oriunda do Espírito Santo antes do duelo com o Flamengo no Maracanã.

Roberto Vieira, um senhor de 56 anos, foi brutalmente agredido com golpes de cadeira e garrafas na cabeça, ficou internado por dez meses e morreu. O caso aconteceu à luz do dia, também na beira da praia.

Três uruguaios ficaram presos por alguns meses, mas após pagarem fiança a pena foi convertida em medidas cautelares. O processo já foi arquivado.

BRUNO BRAZ E LUIZA SÁ / Folhapress

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