Polícia vê morte de Zé Celso como fatalidade e deve pedir arquivamento de inquérito

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O incêndio no apartamento diretor teatral e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, 86, na última terça (4), e que levou a morte do artista, foi provocado por um descuido da própria vítima e, assim, uma fatalidade em que não há culpados -só vítimas, segundo o delegado responsável pela investigação.

“Nós entendemos como uma fatalidade. Pelos depoimentos que nós já colhemos, pelo laudo que foi disponibilizado. Acreditamos que algum descuido foi o que provocou essa fatalidade, esse lamentável episódio”, afirmou o delegado Mauricio Del Trono Grosche, titular do do 36º DP (Vila Mariana).

Assim, avalia o delegado, o inquérito deve ser encaminhado à Justiça e ao Ministério Público nas próximas semanas com uma proposta de arquivamento.

Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que o laudo produzido pela Polícia Científica de São Paulo aponta como causa provável do incêndio um fogo iniciado no aquecedor térmico, no quarto de Zé Celso, que supostamente teve contato com algum tecido ou papel

A polícia ainda vai ouvir as outras três vítimas do incêndio, entre elas o marido de Zé Celso, o diretor teatral Marcelo Drummond. “Falta o esclarecimento delas, mas, evidentemente, que nós respeitamos esse momento de recuperação e de luto, que é um momento triste. Futuramente vamos chamá-las aí para prestar os esclarecimentos”, disse.

Um dos pontos que eles podem ajudar é indicar onde cada um estava na hora do incêndio. Há dois apartamentos, conforme a polícia, interligados por uma porta, assim tratados como uma única unidade.

“Eu não sei exatamente onde eles estavam. Quando eu for ouvir o Marcelo, o Victor e o Ricardo, eles vão poder precisar como foi e onde exatamente eles estavam”, afirmou o delegado. “Mas acreditamos que eles tentaram, com certeza, tirar o Zé Celso lá do dormitório”, disse.

Victor e Ricardo, citados pelo delegado, são Victor Rosa, 23, e o ator Ricardo Bitencourt, 58, que também moravam no apartamento e tiveram ferimentos leves.

“Todos ali, na verdade, naquele momento de desespero e angústia, se solidarizaram e conseguiram trazê-lo [Zé Celso] para o hall do andar, quase na escada, o que facilitou já o resgate dele pelo Corpo de Bombeiros, que foi muito rápido também”, afirmou Grosche.

Além das vítimas, a Polícia Civil também quer ouvir a síndica ou síndico do prédio, que fica na Achilles Masetti, no Paraíso, na zona sul da capital. Conforme a Folha de S.Paulo mostrou, a unidade residencial não tinha o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) e, assim, estava em situação irregular.

Segundo o policial, essa situação não deve levar a punições criminais contra os responsáveis pelo condômino, mas pode ter implicações civis. O Corpo de Bombeiros de São Paulo informou que deve fiscalizar o endereço.

ROGÉRIO PAGNAN / Folhapress

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