SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um policial civil que atua no 24º DP (Piedade), no Rio de Janeiro, foi preso dentro da delegacia em operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira (1º). Ele é suspeito de integrar grupo criminoso que aplica golpes em seguradoras de veículos.
De acordo com a investigação, além do policial civil, o grupo criminoso é formado por um empresário do ramo de veículos e um ex-funcionário de uma prestadora de serviços em veículos, que inclusive já administrou o Pátio Legal da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis da Polícia Civil, em Deodoro.
“Os criminosos recrutavam pessoas com dificuldades financeiras para simularem o roubo de seus carros. O objetivo era conseguir a indenização das seguradoras fazendo falsos registros de roubo dos veículos”, explica a Promotoria.
De acordo com a Promotoria, o policial inseriu 173 ocorrências de roubo de veículos das 471 registradas pela 24ª DP no ano de 2023. A representação pela prisão destaca que um único policial civil, que tem uma escala na qual trabalha um dia e folga três (escala de 24 hx72 h), realizou aproximadamente 37% das ocorrências de roubo de veículo registradas no DP onde é lotado.
O agente realizou mais de 50% dos registros feitos nos meses de outubro e dezembro de 2023 e fez registros de ocorrência de roubo de veículo até mesmo nas suas férias. As investigações também revelaram que os registros eram feitos sem a presença física da suposta vítima, inclusive com falsificação de assinatura.
O ex-funcionário do Pátio Legal, com livre acesso à Cidade da Polícia, era o responsável por intermediar a negociação criminosa com proprietários de veículos interessados em realizar a fraude do seguro, além de, algumas vezes, ser ele quem recebia os veículos no próprio pátio da Delegacia de Roubo e Furtos de Automóveis. A investigação da Corregedoria da Polícia Civil já apurou ao menos quatro falsas comunicações de roubos de veículos, onde os proprietários confessaram todo o esquema fraudulento.
Procurada na manhã desta quinta, a Polícia Civil do Rio não se manifestou a respeito da prisão do policial.
A investigação ainda busca identificar se há participação de outros policiais e terceiros, além de desvendar, com exatidão, o que realmente é feito com os veículos, havendo indícios de serem possivelmente desmanchados ou requentados pelo grupo criminoso para serem vendidos em leilões, já que após a entrega dos veículos na Cidade da Polícia, o destino dos carros ainda não foi esclarecido.
A operação ainda tenta cumprir um mandado de prisão temporária contra o ex-funcionário do Pátio Legal e de busca e apreensão contra o empresário do ramo de veículos. Os mandados foram expedidos pela 28ª Vara Criminal da Comarca do Rio e são cumpridos em Niterói, Benfica e Barra do Piraí.
Batizada de Lástima, a operação ocorre em parceria a 4ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro, com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência, e a Corregedoria de Polícia Civil, e decorre de investigação que apura supostas práticas de crimes de associação criminosa, fraude para recebimento de valor de seguro, peculato, desvio e inserção de dados falsos em sistema de informações da Polícia Civil.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress