SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A rede varejista Polishop apresentou à Justiça de São Paulo seu pedido de recuperação judicial, no qual declara ter R$ 352 milhões em dívidas.
No início de abril, a empresa tinha conseguido antecipar os efeitos do processo de recuperação para barrar vencimento de dívidas e execuções que, segundo seus advogados, poderiam resultar na liquidação de seu patrimônio.
A Polishop disse que aguarda a homologação do pedido para se pronunciar sobre o assunto.
Se o juiz aceitar o pedido, a empresa terá 60 dias para apresentar o plano de recuperação judicial, no qual detalha como pagará suas dívidas trabalhistas, com fornecedores e com bancos.
A Polishop chegou a ter 280 lojas físicas, a maioria delas em shoppings, que eram combinadas ao ecommerce. Desde 2021, após o baque da pandemia sobre o comércio varejista, a companhia iniciou um plano de reorganização que previa a redução no número de lojas próprias e a ampliação das fraqueadas.
Segundo o pedido de recuperação encaminhado à 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo, a empresa tem hoje 58 pontos físicos e está sob o risco de despejo em 17 endereços.
No ano passado, a Polishop tinha 120 lojas, muitas delas sob risco de despejo. Como a Folha de S.Paulo mostrou à época, shoppings da Grande São Paulo, do ABC e do interior foram à Justiça para retomar seus imóveis diante da inadimplência da varejista.
No pedido de recuperação judicial, a Polishop afirma ter chegado a ter receita anual de R$ 1,2 bilhão. Em 2023, a rede varejista fechou com um prejuízo de R$ 155 milhões.
A empresa diz ter sido afetada pelos fechamentos do comércio durante o controle da pandemia de Covid-19 e, em seguida, pela alta dos juros, que tornou o crédito mais caro. Antes da crise sanitária, aponta já ter enfrentado dificuldades para crescer entre os anos de 2015 e 2019 pela concorrência com novas empresas de ecommerce e pelo surgimento dos marketplaces.
Antes de buscar a Justiça em abril, a rede de lojas tentou negociar com seus credores, mas, segundo seus advogados, as conversas não avançaram e alguns passaram a “promover as amortizações, retenções e ordens de despejo”.
Com a medida cautelar antecipando provisoriamente os efeitos da recuperação judicial, a empresa conseguiu a suspensão dessas medidas, de vencimentos antecipados de dívidas financeiras e também manter serviços com plataformas de marketing e tecnologia.
Desde então, fechou dez lojas e demitiu cerca de 100 funcionários. Atualmente, ainda emprega 500 pessoas.
A Polishop foi fundada em 1995 por João Appolinário, que segue no comando da companhia, inicialmente vendendo dietas em televendas, os chamados infocomerciais na televisão. Em 2000, deu início à operação de vendas pela internet e em 2003, inaugurou a primeira loja física, no shopping Central Plaza, em São Paulo.
No mesmo ano, a Polimport, o nome formal da Polishop, criou seu canal de TV, onde eram apresentados os produtos à venda. Segundo a empresa, a exposição na televisão alavancou as vendas das lojas físicas, que chegaram a 45 unidades em dois anos.
No pedido enviado à Justiça na última semana, os advogados da companhia pedem a exclusão de outros negócios de Appolinário aos trâmites da recuperação judicial, como a venda de franquias e de garantia estendida dos produtos.
A recuperação judicial, segundo a empresa, é a única alternativa para “superar a situação momentânea de crise econômico-financeira deficitária”. A Polishop defende, por meio de seus advogados, que o soerguimento das atividades é viável devido à estrutura operacional e notoriedade da companhia.
“Além do mais, a requerente acredita que o cenário recessivo nacional é transitório, devendo ser superado em um ou dois anos”, afirma.
FERNANDA BRIGATTI / Folhapress