SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (21) que políticas fiscais são importantes para que a autoridade monetária possa baixar a taxa básica de juros no país. A fala ocorreu em evento da 20-20 Investment Association, em São Paulo.
“Sempre que o Brasil conseguiu baixar as taxas de juros e mantê-las baixas, isso foi acompanhado por choques positivos na área fiscal”, disse.
Segundo ele, há falta de confiança de parte do mercado nas promessas de ajustes fiscais realizadas pelo governo. Campos Neto também afirmou que a notícia de que o governo pretende fazer ampla reforma administrativa é encarada como positiva.
“Neste momento, está claro que, se o Brasil quiser taxas mais baixas, precisa de um choque”, afirmou o presidente do Banco Central.
O presidente do BC disse que é preciso atenção especial à inflação de serviços no Brasil, ponto de atenção do órgão. O índice oficial de inflação teve alta de 0,44% em setembro com a pressão da crise climática sobre os preços da energia elétrica e de alimentos como carnes e frutas.
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, 2 tiveram maior influência para a alta do índice oficial em setembro: habitação (1,8%) e alimentação e bebidas (0,5%), que responderam por 0,27 ponto percentual e 0,11 ponto percentual, respectivamente.
O resultado de habitação está associado à energia elétrica, que passou de baixa de 2,77% em agosto para alta de 5,36% em setembro. No caso de alimentação e bebidas, a alta de 0,5% veio depois de dois meses de queda dos preços. A alimentação no domicílio, que integra esse segmento, avançou 0,56%, também após duas baixas.
“Os últimos números não foram ruins, mas precisamos garantir que a inflação convirja”, disse Campos Neto.
“Quando olhamos para as expectativas, a desancoragem é muito clara. No curto prazo, há elementos relacionados a alimentos e energia”, afirmou.
“A boa notícia no Brasil é que, mesmo com a taxa de juros alta, o mercado de trabalho está aquecido”, acrescentou o presidente do BC, atribuindo parte desse fenômeno a reformas estruturais realizadas, como a Trabalhista.
No mesmo evento, Campos Neto também falou que economias globais ainda não conseguiram atingir a reversão dos gastos criados para combater os efeitos da pandemia, criando endividamento generalizado.
LAURA INTRIERI / Folhapress