RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Ao anunciar a convocação para a Olimpíada de Paris, o técnico da seleção feminina, Arthur Elias, demonstrou uma abordagem pragmática em relação à preparação: evitar desvios de foco da preparação do time. Por isso, ele entende que não se deve dar um foco na despedida de Marta do time brasileiro, nem peso para a medalha nos Jogos como marco para o esporte no país.
Aos 38 anos, a jogadora brasileira por mais vezes eleita a melhor do mundo, fará a sua última competição de grande porte pela seleção brasileira em Paris.
Não foi chamada por Arthur Elias por sua carreira histórica: o treinador a vê em grande forma. Lembrou que é atualmente uma das principais figuras do Orlando Pride, na liga norte-americana. E assim respondeu sobre a despedida da jogadora:
“A Marta, o que ela mais quer no futebol? É o que a gente vai buscar. Mas sem precisar ligar isso a todo momento (despedida). Por que isso foge o foco, né? O sentimento é muito bonito, ele é individual, mas também compartilhado. A gente precisa? Ela sabe disso. Está (Marta) voltando a uma grande forma. A gente precisa jogar futebol. Essas questões são muito mais para vocês para colocar para o torcedor e por respeito a maior atleta de todos os tempos. A seleção vai trabalhar da melhor forma para conseguir seu objetivo, que, se conseguir, vai premiar todas as jogadoras”, disse o treinador.
O discurso de privilégio ao coletivo do treinador não o impede de reconhecer o papel de referência de Marta dentro do grupo. “Soma muito, maior atleta de todos os tempos. Está jogando bem. Acima de tudo o comportamento na fase sem bola faz com que vejam um exemplo ali dentro”, acrescentou.
A postura do treinador é de buscar por um resultado rápido relevante para seu trabalho, que chega a 10 meses na seleção. Por isso, seu foco na competitividade do time, seja na convocação, seja no discurso.
Ao mesmo tempo, Elias quer tirar das jogadoras o peso de que o desenvolvimento do futebol feminino depende de uma medalha. Para ele, há um equívoco nessa leitura:
“Não tem que entrar achando que vão mudar o futebol feminino do país porque vão vencer, ganhar uma medalha. Isso é errado. Depois, vem uma enxurrada de críticas se o resultado não vem. Cria-se uma expectativa alta, que não se realiza. É algo que não é produtivo. Há muito julgamento e percepção que não tem embasamento. A gente não dá bola para isso. Tem que focar jogo a jogo”, concluiu.
De certa forma, Elias tenta tirar fatores extracampo da cabeça das jogadoras para que se foquem em construir uma seleção competitiva nesta nova fase:
“A gente vai fazer o que a seleção brasileira precisa fazer. Entrar com foco, entendendo bem o que precisa ser feito. Crescer na competição. Ter competência para evoluir”.
Redação / Folhapress