JIDDAH, ARÁBIA SAUDITA (UOL/FOLHAPRESS) – O Mundial de Clubes acontece em dezembro, com decisão marcada para o dia 22, mas a competição não terá o clima natalino ao qual os brasileiros estão acostumados.
JÁ É NATAL?
O torneio é realizado em Jiddah, cidade na Arábia Saudita, país que tem o islamismo como religião oficial.
O Natal, na forma mais conhecida, é celebrado pelos cristãos. A data, 25 de dezembro, rremete ao nascimento de Jesus Cristo.
Na Arábia Saudita, o Natal não chega a ser oficialmente proibido, mas não há incentivo à comemoração ou ao uso de símbolos religiosos relacionados.
“Os muçulmanos, de forma geral, não celebram o Natal, independentemente do país ou do lugar em que vivem. Mas, sem dúvida, reconhecem a figura de Jesus como grande profeta. Jesus é reconhecido no Alcorão, livro sagrado do Islã, religião que predomina na Arábia Saudita. Existe também o reconhecimento de Maria, mãe de Jesus, no Alcorão”, afirma Sheik Ali Momade.
No islamismo, a maior figura é o profeta Muhammad conhecido também como Maomé. De acordo com a história, ele teria vivido entre os anos 571 e 632 na região da Arábia Saudita.
A troca de presentes também está presente no islamismo, mas sem o olhar apenas religioso, segundo o sheik Ali Momade: “De acordo com o próprio profeta, a troca de presentes é para renovar o amor. Independentemente da época do ano, os muçulmanos são incentivados a trocarem presentes”.
“Nada impede, mas, por outro lado, tem de levar em consideração que se encontra em um espaço de minoria cristã, que tem uma cultura e precisa ser respeitada. Da mesma forma que um árabe, quando vem ao Brasil, precisa levar em consideração a cultura e a lei local. Precisamos nos pautar pelo respeito, cada país tem suas características peculiares.”
OLHAR PARA O FUTURO
Momade indica um caminho de uma reformulação pela qual passa o país, inserido nos anseios do que é chamado “Visão Saudita 2030”. O projeto tem objetivos traçados para transformar a Arábia Saudita em uma economia mais diversificada e moderna.
“Temos visto uma Arábia Saudita que tem introduzido reformas institucionais, econômicas, políticas e sociais. Que entende que há necessidade de abrir para uma modernização, que harmonize os interesses internos e com o que o mundo espera. Estamos vivenciando uma Arábia secularizada, mas entende que esse processo de transformação acontece de maneira muito cuidadosa. É uma estratégia que acredito ser exitosa”, afirmou.
Neste processo de abertura entra também o futebol. Um fundo controlado pelo governo assumiu os quatro maiores clubes do país e realizou contratações milionárias de estrelas do esporte.
ALEXANDRE ARAUJO / Folhapress