RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – As praias do litoral norte de São Paulo, região composta por quatro municípios, atingiram em 2024 o melhor índice de balneabilidade dos últimos três anos, com 43 de suas 99 praias analisadas próprias para nadar durante todo o ano. Eram 37 pontos no ano passado.
O quadro é favorável aos banhistas, segundo dados apurados pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) principalmente em São Sebastião e Ubatuba, que responderam por 37 das praias boas em todas as semanas entre novembro do ano passado e outubro.
Em Ubatuba, as praias em condições ideais foram 21, o que representa 60% dos pontos analisados pela Cetesb, enquanto em São Sebastião a proporção foi de 53% 16 dos 30 locais com coleta semanal da água.
Nas outras duas cidades da região, a proporção de praias boas foi muito inferior: Caraguatatuba teve 4 dos 15 pontos propícios para banho o ano todo (26,6% do total), enquanto em Ilhabela somente 2 dos 19 locais ficaram o ano todo em boas condições (10,5%).
No estado, foram 64 praias adequadas dos 175 locais analisados, ou 36,5% do total.
Embora em números absolutos Ubatuba tenha mais locais propícios em relação à balneabilidade, o avanço se deu por causa de São Sebastião, que viu o total de praias boas subir de 6, no passado, para as atuais 16.
No Carnaval de 2023, as fortes chuvas que atingiram São Sebastião, evento climático considerado extremo, causaram 64 mortes após deslizamentos. O fenômeno também carregou detritos para o mar.
Na ocasião, técnicos da Cetesb ficaram duas semanas sem conseguir acessar alguns pontos de monitoramento em praias da cidade e a qualidade da água ficou comprometida.
Ubatuba e São Sebastião têm a maior quantidade de praias monitoradas em função da configuração da costa. São praias pequenas, separadas por costões, com a Serra do Mar muito perto do mar, de acordo com Cláudia Lamparelli, gerente do setor de águas litorâneas da Cetesb.
Para ela, o cenário de melhora da qualidade no litoral norte se deve a avanços no saneamento e ao regime de chuvas no caso, a falta delas em 2024.
“A estiagem reflete numa melhoria da praia na medida em que a água não carreia os detritos para o mar.”
Outro ponto favorável no litoral norte em relação à Baixada Santista, por exemplo, é que há praias com acessos mais complicados e a população é menor que na Baixada, que concentra 82% dos habitantes do litoral, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 2021, ano que superou o cenário de 2024, 44 pontos estavam em boas condições o ano todo. Desde o início do levantamento anual feito pela Folha, em 2016, o melhor ano foi 2017, com 57 praias do litoral norte boas em todas as semanas.
São Paulo teve 175 pontos monitorados em 15 municípios do litoral. Desses, 157 são avaliados todas as semanas. O mais recente a entrar na lista foi a praia Fortaleza, em Ubatuba, em 2022, analisada mensalmente e que foi classificada como boa nos três anos.
A gerente da Cetesb afirmou ainda que é preciso que a população entenda tudo o que envolve o trabalho de monitoramento das praias ao chegarem a um ponto e encontrarem uma bandeira, seja ela vermelha (imprópria) ou verde (própria).
“Tem o pessoal que faz as coletas, que passa por todas essas praias todo final de semana, depois tem todo o pessoal que faz as análises nos nossos laboratórios, depois os resultados chegam para nós para fazermos a classificação. O maior objetivo desse trabalho, além de ter um diagnóstico ambiental e orientar medidas corretivas, é informar a população sobre isso.”
O banhista pode acompanhar a qualidade das praias monitoradas por meio de um aplicativo da Cetesb e por uma nova plataforma no site da agência ambiental, em que é possível acompanhar a classificação atual de todas as praias de um determinado município ao mesmo tempo.
“A gente não recomenda uma praia que está imprópria, pois o risco de você adquirir uma doença é maior. Aí o banhista procura outra praia. Em termos de proteção de saúde pública, essa informação tem que chegar nas pessoas”, disse a gerente.
MARCELO TOLEDO / Folhapress