Pré-candidatos da direita evitam confronto direto em debate em Curitiba, e esquerda se alfineta

CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Os três pré-candidatos que disputam o eleitorado de direita na corrida à Prefeitura de Curitiba —Eduardo Pimentel (PSD), Maria Victoria (PP) e Ney Leprevost (União Brasil)— evitaram o confronto direto no primeiro debate da eleição municipal, realizado pela TV Bandeirantes na noite desta quinta-feira (8).

Já os dois principais nomes afinados com a esquerda, Luciano Ducci (PSB), apoiado pelo PT e pelo PDT, e Roberto Requião (Mobiliza), acabaram trocando farpas.

Também participaram os candidatos Andrea Caldas (Psol), Samuel de Mattos (PSTU) e Luizão (Solidariedade). O debate começou às 22h30 e durou cerca de duas horas, com trocas de perguntas entre os candidatos em todos os três blocos.

Do campo da direita, Pimentel, Maria Victoria e Leprevost citaram a relação com o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), ao longo do debate. Atuando em aparente dobradinha, Maria Victoria e Leprevost trocaram perguntas simpáticas entre eles, e com críticas moderadas à atual gestão, da qual Pimentel faz parte, como vice-prefeito.

Somente ao final do debate, Leprevost mirou diretamente Pimentel, tentando explorar a pouca experiência do adversário nas urnas.

Pimentel ocupou cargos comissionados antes de integrar a chapa de Rafael Greca (PSD) para a prefeitura. Antes, sem citar nomes, Leprevost já havia reforçado o fato de ter sido “sempre eleito pelo povo” e não somente “nomeado para cargos”.

Já Ducci encabeçou as críticas à atual gestão e, nas três oportunidades de pergunta, optou por se dirigir a Pimentel, abordando questões nas áreas da saúde e da segurança pública.

Acabou alvo, contudo, de outro representante do campo da esquerda. “Como se sente agora sendo o candidato da desesperança?”, ironizou Requião sobre a coligação que sustenta Ducci, antes de lembrar das posições do candidato do PSB na Câmara Federal, a favor do marco temporal e do impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Requião depois afirmou que pessoalmente não tinha nada contra Ducci, mas que “não entendia mais as decisões do campo progressista”. Ducci demonstrou irritação com o ex-petista e afirmou que “nunca mudei de partido para disputar as eleições”: “Estranho é você ter sido governador três vezes e nunca ter construído uma única unidade de saúde em Curitiba”.

O preço da tarifa do ônibus e pessoas em situação de rua foram os assuntos que mais apareceram ao longo do debate, que também tratou de terceirização na área da educação, filas na saúde e déficit habitacional.

Pimentel, atual vice-prefeito de Curitiba, tem dois fortes padrinhos políticos na cidade, o prefeito e o governador. Ao longo da pré-campanha eleitoral, Ratinho Junior ainda conseguiu atrair o bolsonarismo para a chapa de Pimentel, articulando o nome do ex-deputado federal Paulo Martins (PL) para a vaga de vice-prefeito.

Por outro lado, Ratinho Junior não conseguiu derrubar a candidatura de Leprevost, que já foi seu secretário e integra a base aliada do governador no Legislativo. O governador chegou a apelar ao presidente do União Brasil, Antônio Rueda, mas a conversa não avançou.

Ratinho Junior também não conseguiu impedir a candidatura de Maria Victoria, filha do seu secretário Ricardo Barros (PP). Até o início das convenções, Barros tentava lançar Maria Victoria como vice de Pimentel, mas o PSD preferiu dar espaço ao PL.

Já o lavajatismo se dividiu na cidade. O ex-procurador e deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Novo) declarou apoio a Pimentel, mas o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) preferiu apoiar um correligionário. Ney Leprevost tem a deputada federal por São Paulo Rosangela Moro (União Brasil) na chapa, como candidata a vice-prefeita.

O movimento de Moro tem relação com a eleição de 2026, quando pretende sair candidato ao governo do Paraná. Na disputa de 2024, o plano do senador é garantir a vitória de aliados nas principais cidades do estado, especialmente na capital.

No campo de oposição a Pimentel e Leprevost, está Luciano Ducci, que conseguiu o apoio do PT e do PDT para a disputa.

Até aqui, contudo, Ducci enfrenta resistência entre petistas, que preferiam a candidatura própria ou um nome com histórico afinado com a esquerda.

Além de dividir o PT, o nome de Ducci também afastou o Psol, que optou pela candidatura própria, da professora Andrea Caldas. Outro crítico da escolha de Ducci é Requião, que se coloca como candidato também em protesto contra o que chama de “negociatas de partidos”.

Para dar um palanque regional ao presidente Lula (PT) nas eleições de 2022, Requião se filiou ao PT e disputou o governo estadual contra Ratinho Junior. Depois, alegando que não era ouvido dentro do PT, saiu da sigla e foi abrigado no Mobiliza.

Entre os nove nomes que se apresentam ao eleitorado como candidatos, seis já se registraram oficialmente na disputa até a tarde desta quinta, na Justiça Eleitoral. O prazo de inscrições segue até dia 15.

Entre aqueles que ainda não se inscreveram estão Requião, que até agora não definiu quem ocupará a vaga de vice-prefeito na chapa, e Cristina Graeml (PMB), que trava um embate com o diretório nacional do próprio partido para permanecer na corrida e não foi ao debate da Band.

CATARINA SCORTECCI / Folhapress

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