SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Preço da gasolina cai nas refinarias, briga entre irmãos (China e Estados Unidos) continua infinitamente e outros destaques do mercado nesta terça-feira (3).
**TORRA-TORRA DE COMBUSTÍVEL**
A gasolina está na promoção. Ou algo parecido. Na verdade, nada a ver com isso. A questão é: a Petrobras anunciou nesta segunda-feira o corte de 5,6% ou R$ 0,17 por litro no preço das refinarias.
É o primeiro corte desde julho de 2024. Considerando que a mistura vendida nos postos tem 27% de etanol, a estatal espera um repasse ao consumidor final de R$ 0,12 a menos por litro.
VIVA!?
Por um lado, a queda é boa. Uma gasolina mais barata impacta diretamente na inflação, já que ela é o produto com maior peso no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), usado como base na condução da política monetária.
Isso acontece porque o Brasil é muito dependente do transporte rodoviário. O custo do combustível impacta o frete, que dita o preço de quase todos os produtos ao consumidor final.
Se o repasse que a petroleira espera se confirmar, a redução pode tirar 0,10 ponto porcentual do IPCA, segundo o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas.
A inflação do mês começa pressionada pelo aumento na conta de luz, que agora passa a ser cobrada com a bandeira vermelha.
Por outro lado a redução do preço é consequência de uma conjuntura maior que pode dar problemas para a Petrobras.
O mercado espera que a guerra tarifária que Donald Trump começou aumente a inflação, sobretudo nos EUA. Para conter a elevação do nível dos preços, o presidente pressiona pela redução dos valores do petróleo.
Por esse e outros motivos, a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), cartel que reúne os principais vendedores globais, determinou o aumento da produção pelos países que a compõe.
Mais petróleo no mercado = barril de petróleo mais barato.
A situação deve continuar acelerada. No sábado, a Opep decidiu aumentar o ritmo da produção de petróleo em julho.
E qual o problema? As petroleiras não esperavam que o produto vendido por elas ficasse mais barato. Assim, calcularam os investimentos para o ano pensando no que ganhariam número que deve ser menor do que o previsto inicialmente.
**PASSOU DO PONTO**
Mãe, o fulano tá fazendo aquilo de novo! é uma frase comum em uma briga de irmãos. Ser denunciado várias vezes por pequenas transgressões às regras da casa é algo corriqueiro nesse tipo de relação. O inesperado é quando intriguinhas se tornam comuns entre as duas maiores potências econômicas do mundo.
Nesta segunda-feira, a China acusou os Estados Unidos de violar seriamente uma trégua comercial entre os dois países e prometeu tomar medidas firmes para defender seus interesses. Além da acusação, a chapa vem esquentando por outros motivos. Vamos entender.
Não fui eu, foi ele!. Na verdade, quem começou a briga foram os EUA. Na sexta-feira (30), Donald Trump disse que Pequim havia violado totalmente o acordo selado entre os países.
Eles chegaram em uma conciliação durante conversas em Genebra há um mês. Ela previa uma redução temporária das tarifas retaliatórias que estavam batendo os 145%, caso você tenha se esquecido.
O que incitou a frustração do presidente americano foi a lentidão com a qual o fluxo de importações de terras raras foi retomado.
Terras o quê? Raras. O nome é estranho, mas paciência. Elas são um conjunto de minerais críticos para a produção de itens de alta tecnologia, como baterias para carros elétricos e alguns semicondutores. Os ímãs produzidos a partir delas também são cobiçados no mercado.
A China não somente é o maior exportador global, mas também detém a maior parte deles em seu território 90% dos ímãs de terras raras são exportados do país;
AS VANTAGENS DO PODER
O país asiático restringiu a exportação das terras raras e alguns itens feitos com ela para os EUA em 4 de abril. O acordo selado na Suíça prevê o retorno pleno do comércio destes materiais.
Mas digamos que Pequim está levando um pouquinho mais do que o esperado para restabelecer as trocas. Consequentemente, as empresas americanas e europeias que dependem desses produtos estão ficando sem eles.
Entre elas, as montadoras são as mais atingidas. Os ímãs operam motores elétricos para freios, direção e injetores de combustível. Os motores em só um banco de um carro de luxo, por exemplo, usam até 12 deles.
“Este é o calcanhar de Aquiles dos EUA e do mundo, que a China explora continuamente”, disse Nazak Nikakhtar, que foi secretária assistente de comércio supervisionando controles de exportação durante o primeiro mandato de Trump.
**BOM PRA CACHORRO**
Se você, dono de pet, já fica cansado de percorrer os corredores de uma megaloja de itens para animais, imagine uma versão imensa dela. Ou melhor, imagine juntar uma loja da Petz com uma da Cobasi.
Isso deve acontecer logo. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou, sem ressalvas, a fusão entre as duas gigantes do mercado de animais domésticos.
COMO ASSIM?
Se você sabe que o órgão existe para proteger a concorrência dentro dos mercados nacionais, pode ter se questionado se a união entre as empresas não cria um monopólio ou, no mínimo, prejudica as marcas adversárias.
A resposta do Cade para isso é que, sim, em algumas regiões haverá uma concentração importante do comércio. Mas, segundo ele, isso é compensado pelo fato do mercado de itens pet ser fácil de entrar, pela diversidade dentro dele e pelo grande número de concorrentes.
Segundo as próprias marcas, a empresa resultante da fusão terá uma fatia de cerca de 10% do mercado.
Os pequenos e médios pet shops, pulverizados em bairros, concentram quase metade das vendas no setor, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação.
Ou seja, ele entende que a concorrência não será desleal.
Raio-X. Aí vai um pouco sobre as companhias envolvidas na transação.
– Petz
Fundação: 2002
Funcionários: 7.000
Lucro líquido ajustado (1º trimestre de 2025): R$ 1,05 milhão
Presença: 262 lojas no DF e 23 estados
Marcas: Petz, Seres, Adote Petz, Zee.Dog, Petix, Super Secão, Atacado Pet, Cansei de Ser Gato.
Principais concorrentes: Cobasi, Mercado Livre, Amazon, Shopee, Pet Love.
– Cobasi
Fundação: 1985
Funcionários: 7.000
Lucro líquido (1º trimestre de 2025): R$ 15,4 milhões
Presença: 246 lojas no DF e 23 estados
Marcas: Cobasi, Mundo Pet, Pet Anjo
Principais concorrentes: Petz, Mercado Livre, Amazon, Shopee, Pet Love.
Tempo é dinheiro e ele estava correndo enquanto o Cade estudava a decisão. A transação foi anunciada em abril de 2024.
AS CONDIÇÕES
Os acionistas da Cobasi ficam com 47,4% da nova companhia, enquanto os da Petz têm 52,6% e mais R$ 400 milhões, sendo R$ 130 milhões distribuídos em dividendos.
EXPECTATIVAS
Elas esperam, juntas, uma receita bruta anual de R$ 7 bilhões. A economia de custos estimada com a fusão chega a R$ 330 milhões.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
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Tapa-buraco. Para compensar uma possível derrubada do decreto do IOF, Lula e Alexandre Silveira estudam receita extra de R$ 35 bi com petróleo até 2026.
Redação / Folhapress
