SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O prédio onde ocorreu o incêndio da Boate Kiss, que deixou 242 mortos, começou a ser demolido nesta quarta-feira (10) para dar lugar a um memorial após 11 anos da tragédia.
Um ato simbólico marcou o início das obras. Para anunciar a construção do memorial às vítimas da Kiss, o letreiro da fachada e a porta de entrada da casa noturna foram derrubadas, na rua dos Andradas, em Santa Maria (RS).
”Desfazer a ruína e construir a memória” é o lema do projeto de homenagem às vítimas. ”Nosso recado para o mundo inteiro é que esse memorial, além de acolher e preservar a memória, sirva de exemplo para que uma tragédia como esta não se repita”, disse o prefeito Jorge Pozzobom.
242 balões brancos foram soltos na ocasião para representar cada um dos mortos. Alexandre Sikinowski, procurador-geral de Justiça do Estado, contou no evento ter perdido ex-alunos e filhos de amigos no incêndio. ”Eu vi o que isso representou na vida dos pais, a culpa mal resolvida, uma série de sentimentos.”
PROJETO DO MEMORIAL
A construção terá um investimento estimado em R$ 4,08 milhões. O espaço será custeado por recursos da Prefeitura Municipal e do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados, que pertence ao Ministério Público do Rio Grande do Sul.
O projeto vencedor da licitação municipal foi o do escritório Felipe Zene Motta. Com 383,65m² de área total construída, a obra será distribuída em um pavimento com sala de escritório, auditório, banheiros, depósito, área técnica, varanda e jardim.
RELEMBRE O CASO
O incêndio na casa noturna deixou 242 pessoas mortas e mais de 600 feridas em janeiro de 2013. As chamas tiveram início após o uso de fogos de artifício no interior do estabelecimento e atingiram espumas usadas no teto para isolamento acústico, se espalhando pelo ambiente.
O julgamento dos réus levou nove anos para acontecer e durou dez dias em dezembro de 2021. Foi o tribunal do júri mais longo da história do Rio Grande do Sul. Na ocasião, dois sócios da boate e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira foram condenados por dolo eventual -quando, mesmo sem desejar o resultado, se assume o risco de matar. As penas foram de 18 a 22 anos de prisão.
No entanto, o julgamento foi anulado em agosto de 2022, por irregularidades na condução do processo, o que levou à soltura dos réus. A defesa dos réus alegou problemas na escolha dos jurados e em uma reunião reservada entre o grupo o juiz presidente do tribunal, Orlando Faccini Neto, sem a participação da defesa e do Ministério Público.
Em maio deste ano, a PGR pediu ao STF que condenações de réus da Boate Kiss sejam restabelecidas. O documento solicita que a retomada das penas de Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos.
Redação / Folhapress