PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Em uma eleição marcada pela indiferença e baixa adesão, eleitores de Porto Alegre vão decidir neste domingo (27) quem conduzirá a cidade pelos próximos quatro anos.
O vencedor da disputa entre o candidato à reeleição Sebastião Melo (MDB) e a deputada federal Maria do Rosário (PT) terá o desafio de liderar a reconstrução da capital gaúcha, que teve um prejuízo estimado em R$ 12,3 bilhões com as enchentes de maio.
A campanha de Melo vai para o dia das eleições em um cenário confortável. O emedebista obteve 49,7% dos votos válidos (345.420 votos) no primeiro turno, e pouco menos de 2.000 votos o separaram de uma vitória já no dia 6 de outubro.
A petista, que obteve 26,3% (182.553 votos), busca reverter um cenário praticamente impossível. Ela precisa da adesão do eleitorado da ex-deputada Juliana Brizola (PDT), que ficou em terceiro lugar com 19,7% (136 783 votos), e tirar de casa uma parcela significativa de eleitores que não foram votar no começo do mês ou optaram pelo prefeito na primeira etapa.
Porto Alegre registrou a maior taxa de abstenção entre as capitais no primeiro turno: 31,5% do eleitorado apto. Em números absolutos, os pouco mais de 345 mil ausentes superam tanto os votos de Melo quanto a soma dos votos de Rosário e Brizola.
Felipe Camozzato (Novo), quarto lugar na disputa com 3,8% (26.603 votos), declarou apoio ao prefeito contra o PT.
Melo conseguiu se blindar de um prejuízo político causado pelas críticas que sofreu durante a tragédia climática. O volume expressivo de água que chegou a Porto Alegre vindo de rios do interior e as falhas no sistema de proteção a cheias fez com que cerca de 160 mil pessoas e 39 mil edificações fossem atingidos diretamente pelas enchentes. O número de pessoas em abrigos chegou a 14,2 mil em meados de maio.
O prefeito afirmou que a quantidade de chuvas foi além da capacidade de resposta. Disse também, incluindo os 16 anos consecutivos que o PT geriu Porto Alegre, que o problema vinha de outras gestões.
Melo sustenta ainda que a responsabilidade por obras de prevenção contra desastres naturais é do governo federal e diz que o governo Lula (PT) tem dificuldades em responder com agilidade às demandas da reconstrução da capital.
Do outro lado, Maria do Rosário acusa Melo de querer usar o presidente para escapar da culpa da tragédia.
O índice de abstenção na cidade este ano foi um pouco menor do que o registrado em 2020, durante a pandemia de Covid-19, mas reflete uma tendência de baixa participação vista em todo o Rio Grande do Sul.
Dentre os motivos apontados por eleitores, especialistas e candidatos, estão o desinteresse em conflitos causado pelo trauma de enchente e uma descrença no processo político como um todo. Além disso, a falta de entusiasmo com a gestão de Melo e a pouca atratividade da candidatura de Rosário também são citados como fatores.
CARLOS VILLELA / Folhapress