SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Prefeitura de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, começará a realizar mamografias para rastreamento de câncer de mama em mulheres de 40 a 74 anos que procurarem o SUS (Sistema Único de Saúde) para cuidados com a saúde. Uma carreta percorrerá as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da cidade. Três mamógrafos dois fixos e um itinerante estarão à disposição das pacientes.
A ação, que será permanente na cidade, está prevista para iniciar na próxima segunda-feira (24). O prefeito Marcelo Lima (Podemos) assinará o decreto nesta semana. A informação foi passada com exclusividade à Folha pelo secretário municipal da Saúde, Jean Gorinchteyn.
A ampliação da faixa etária custará a São Bernardo do Campo cerca de R$ 4 milhões ao ano, segundo o gestor da pasta.
De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer) e o Ministério da Saúde, a mamografia para rastreamento do câncer de mama no SUS é recomendada para mulheres de 50 a 69 anos, a cada dois anos.
Em janeiro deste ano, a Comissão Nacional de Mamografia composta por representantes do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) reafirmou a recomendação de rastreamento mamográfico anual para todas as mulheres dos 40 aos 74 anos, e de forma individualizada
a partir dos 75, considerando a saúde geral e a expectativa de vida.
A orientação é baseada em evidências científicas, dados epidemiológicos nacionais e internacionais e
na realidade da saúde pública e suplementar brasileira.
Quanto mais rápido o câncer de mama é detectado, maiores são as chances de tratamento e cura.
“Estamos deixando mulheres sem fazer o diagnóstico. O grande problema é que quando ela faz o diagnóstico, acontece de forma tardia, em uma condição muito mais avançada da doença e tem impacto grande em mortalidade. É exatamente baseado nessas informações que a gente tem a obrigação, como médico e gestor público, de mudar essa evolução de doença no nosso território, aqui em São Bernardo”, afirma o secretário.
De acordo com Jean Gorinchteyn, as mulheres serão estimuladas a procurarem a UBS de referência para avaliação da saúde ginecológica.
“Junto com os outros exames ela também fará a mamografia. Se identificarmos alguma lesão, vai para a biópsia e essa mulher entrará também na continuidade da linha de cuidados, com procedimento cirúrgico de retirada da mama, radioterapia, quimioterapia a depender da necessidade instituída pelo seu médico, da avaliação do estadiamento da doença. Nós também temos programas de cirurgia plástica para remodelamento da mama para restituir a condição de humanidade para essas pacientes”, explica Gorinchteyn.
Às pacientes que já tiveram alteração mamográfica ou possuem histórico familiar da doença, a recomendação da secretaria é que façam o exame uma vez ao ano. As demais poderão ser orientadas a repetirem a mamografia a cada dois anos. Mulheres abaixo de 40 anos que passarem pelo ginecologista e apresentarem alterações no exame clínico também serão submetidas à mamografia.
Os exames serão ofertados de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. O secretário garante que a ampliação da idade para a mamografia não vai gerar grandes filas e lentidão nos atendimentos. Se houver necessidade, a depender da demanda, o horário será ampliado.
Estilo de vida pouco saudável, falta de atividade física, má alimentação, estresse, tabagismo e fatores genéticos estão entre as causas do câncer.
Segundo o Inca, estima-se que o Brasil registre 73.610 novos casos de câncer de mama até o final de 2025.
Até a metade do século, o câncer de mama deverá atingir 3,2 milhões de pessoas em todo o planeta, resultando em mais de 1 milhão de mortes anualmente. Esses números representam um aumento de 38% na incidência e 68% na mortalidade da doença.
PATRÍCIA PASQUINI / Folhapress