SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ubiratan Antônio da Cunha, presidente afastado da empresa de ônibus UPBus, foi preso nesta terça-feira (16) a pedido do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), por descumprimento de medidas cautelares.
Um dos alvos da Operação Fim da Linha deflagrada em abril para investigar suspeitas de ligação de empresas de ônibus com a facção PCC (Primeiro Comando da Capital), Cunha é réu pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. O mandado foi cumprido pela 2ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio, da Polícia Civil.
A Folha não conseguiu contato com a defesa de Cunha. A empresa UPBus também foi procurada, mas não enviou posicionamento até a publicação deste texto.
O dirigente foi impedido por ordem da Justiça de frequentar a sede da empresa. Porém, no dia 5 de junho, a Polícia Civil foi procurada por integrantes da cooperativa sucedida pela UPBus que relataram ter sido expulsos da empresa, com emprego de força física e intimidação verbal. Os fatos foram comunicados ao Ministério Público.
“Posteriormente, o MP-SP descobriu que, na mesma semana, o interventor nomeado pelo município foi atraído por funcionários da UPBus sob o pretexto de tomarem um café em um estabelecimento nas redondezas da garagem. O dirigente esperava por ele no local, em afronta à decisão judicial”, afirmou o Ministério Público.
De acordo com a Promotoria, em razão do episódio violento, 23 armas de fogo de Ubiratan foram apreendidas no dia 25 de junho, bem como o celular do acusado. Em 2022, uma operação do Denarc já tinha apreendido armas do mesmo dirigente.
OPERAÇÃO FIM DA LINHA
No início de abril, duas empresas de ônibus que atuam no transporte público da capital paulista, a UPBus e a Transwolff, foram alvo de uma operação liderada pelo Ministério Público de São Paulo em parceira com Polícia Militar, Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e Receita Federal. As duas empresas são responsáveis pelo transporte de ao menos 700 mil passageiros diariamente e receberam cerca de R$ 800 milhões da Prefeitura de São Paulo em 2023, em subsídios.
Segundo promotores do Gaeco, grupo especial de combate ao crime organizado, essas empresas são suspeitas de ligação com o PCC. Elas seriam usadas, segundo a Promotoria, em suposta lavagem de dinheiro.
A novidade da operação foi o envolvimento da Transwolff, uma das maiores empresas do setor. A UPBus já era suspeita de ligação com o crime após operação realizada pelo Denarc (Departamento de Combate ao Narcotráfico) em 2022.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress