SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Alvo de impeachment após tentativa de autogolpe, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, não compareceu nesta quarta-feira (18) à audiência em órgão de combate à corrupção na qual havia sido convocado para prestar depoimento sobre o ato do último dia 3 que gerou turbulência política no país.
Autoridades da Agência de Investigação de Corrupção tinham intimado Yoon no âmbito do processo que investiga acusações de insurreição e abuso de poder. O depoimento estava marcado para as 10h no horário local (22h de terça-feira em Brasília), na sede do órgão, mas o presidente decidiu não ir.
Parlamentares aprovaram o impeachment de Yoon no sábado (14), dias após ele ter decretado uma lei marcial para amordaçar a oposição. A medida, derrubada, provocou a maior crise política na Coreia do Sul em décadas. No próximo dia 27 o Tribunal Constitucional do país irá julgar a destituição do presidente.
A ausência de Yoon na audiência não causou surpresa. A Agência de Investigação de Corrupção divulgou, no começo da semana, a intimação do presidente, mas havia informado que uma pessoa não identificada do gabinete presidencial se recusou a receber a notificação.
A falta “será considerada uma violação da primeira intimação”, escreveu a agência em comunicado. Agora, autoridades cogitam enviar outra convocação. Por sua vez, o diretor do orgão, Oh Dong-woon, disse ao Parlamento na terça (17) que investigadores também analisam a emissão de um mandado de prisão.
Yoon está sendo investigado por promotores sul-coreanos e por equipes da polícia, do Ministério da Defesa e de investigadores de combate à corrupção.
De acordo com a agência de notícias Yonhap, os advogados de Yoon voltaram a dizer na terça que o presidente não liderou uma insurreição e que ele vai lutar nos tribunais para provar sua inocência. “Apesar de não considerarmos válidas as acusações de insurreição, cumpriremos a investigação”, disseram.
A agência sul-coreana informou ainda que o Serviço de Segurança Presidencial “bloqueou a tentativa da equipe de investigação de apreender um servidor de computadores” na sede da Presidência.
Yoon e integrantes de seu círculo próximo enfrentam o risco de prisão perpétua ou até mesmo de pena de morte, caso sejam considerados culpados. O ex-presidente ainda está proibido de viajar ao exterior.
Ao mesmo tempo, Tribunal Constitucional do país se prepara para a primeira audiência do julgamento que poderá destituir o presidente. A corte tem até seis meses para decidir se remove o remove do cargo, embora o último impeachment tenha sido finalizado na metade desse tempo. Em 2017, a então chefe do Executivo Park Geun-hye foi removida do cargo em três meses em decorrência de uma investigação de corrupção conduzida pelo próprio Yoon, à época promotor de Justiça.
Caso a destituição seja confirmada, novas eleições serão realizadas em um prazo de dois meses. A primeira audiência, segundo a porta-voz do tribunal, Lee Jean, será preliminar e dedicada a questões burocráticas do julgamento, como o cronograma, e Yoon não será obrigado a comparecer.
Enquanto isso, o governo, liderado pelo primeiro-ministro Han Duck-soo após a suspensão de Yoon, tenta tranquilizar parceiros internacionais e investidores.
Redação / Folhapress