BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da CPI do 8 de janeiro, deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA), afirmou nesta terça-feira (12) que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), será ouvido de novo nos próximos dias.
Apesar de já ter ido à comissão, parte dos parlamentares avalia que o acordo de delação premiada assinado pelo militar sinaliza que, agora, ele pode querer contribuir com as investigações.
Em julho, Cid afirmou à CPI que era alvo de ao menos oito inquéritos, e anunciou que ficaria em silêncio. O ex-ajudante de ordens também decidiu ficar calado ao ser convocado pela CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal no mês passado.
“Vai ser ouvido nos próximos dias. Cabe a mim marcar seu depoimento. A convocação já foi aprovada e eu posso assegurar a vocês que Mauro Cid terá seu depoimento marcado pela presidência da CPMI”, disse Maia após a sessão.
O acordo de delação premiada do ex-ajudante de ordens foi homologado no fim de semana pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal ). Como revelou a Folha de S.Paulo, Cid deve citar militares próximos a Bolsonaro, como os ex-ministros Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos.
Apesar da fala do presidente da CPI, parlamentares da base temem que o depoimento de Cid à CPI possa prejudicar ou até mesmo anular o acordo de delação assinado por ele com a Polícia Federal.
Parte dos deputados e senadores também teme que informações dadas por ele sejam usadas por Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que integram a comissão, para ajudar a defesa do pai.
Nesta terça, Maia e a relatora da CPI, Eliziane Gama (PSD-MA), também criticaram o ministro do Supremo Kassio Nunes Marques por ter decidido que a ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça Marília Ferreira poderia faltar ao depoimento.
Diferentemente de Kassio, desde o início da CPI dos atos golpistas, os demais ministros do STF entenderam que os depoentes deveriam ir à sessão, mas poderiam ficar em silêncio para não produzir provas contra si mesmo. O habeas corpus está sob sigilo.
Marília trabalhou com Anderson Torres no Ministério da Justiça e na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Ela levantou informações sobre os municípios onde Lula (PT) havia sido bem votado no primeiro turno das eleições e estava à frente da inteligência do DF em 8 de janeiro.
“A Advocacia recorre da decisão do ministro, tem parecer favorável do Ministério Público Federal e, mesmo assim, o ministro não toma nenhuma atitude, nem de mudar a decisão, nem de submeter à turma, no Supremo Tribunal Federal. Então, isso é muito grave”, disse Gama.
THAÍSA OLIVEIRA / Folhapress