SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após cerca de cinco anos à frente do iFood, Fabricio Bloisi está de saída da companhia brasileira de entregas de restaurantes e supermercados para assumir a liderança da companhia global de tecnologia Prosus.
No lugar dele ficará Diego Barreto, que está na companhia desde 2018 na função de diretor financeiro e vice-presidente de Estratégia.
Bloisi é fundador da Movile, empresa brasileira que faz investimentos de longo prazo em companhias de tecnologia e que tem participação no iFood. A Prosus, por sua vez, é um grupo global de internet, além de um dos maiores investidores em tecnologia no mundo.
Com sede em Amsterdã, na Holanda, e focada em setores como delivery de alimentos, classificados online, fintech e educação, a companhia investe na Movile desde 2013. Com presença em 100 países de cinco continentes, a empresa possui mais de 2 bilhões de clientes que usam seus produtos e serviços.
A Prosus é investidora relevante de empresas como Tencent, Meituan, OLX e Delivery Hero. No Brasil, além da Movile, investe também na Kovi, Creditas e Sympla.
Bloisi também assumirá a presidência da Naspers, um conglomerado global de consumo de internet que atua através da Prosus e tem sede na África do Sul.
“O iFood foca em inovação e disciplina, que combinado com nossas pessoas excepcionais, conhecimento e cultura, tem sido uma receita comprovada de sucesso. Essa combinação está no meu DNA e estou animado para trazê-la para o meu novo papel como CEO da Prosus e Naspers”, disse Bloisi por meio de nota.
Já o novo presidente do iFood, Diego Barreto, estava no Movile desde 2016 e no iFood desde 2018. Também em nota, Barreto diz que dará continuidade ao plano de crescimento e inovação traçado pela gestão anterior.
“São seis anos trabalhando ao lado do Fabrício, compartilhando sua visão de futuro, importantes decisões e contribuindo para a consolidação da cultura do iFood”, afirma.
Barreto é mineiro, formado em Direito pela PUC de São Paulo, com MBA pelo IMD Business School. Ele assumirá pela frente o desafio de costurar com o governo uma regulamentação dos trabalhadores de aplicativo.
Desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a relação entre governo e empresas do segmento de entregas ficou estremecida após críticas do ministro Luiz Marinho (PT) ao regime de trabalho dos entregadores.
Um grupo de trabalho foi criado para discutir a questão no ano passado, mas acabou sendo desfeito, e as conversas entre o governo e o iFood foram retomadas recentemente.
O iFood chegou a defender uma tabela progressiva de contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), em um novo modelo de Previdência Social, para custear benefícios e regulamentar o trabalho de motoboys e ciclistas.
Os trabalhadores pagariam alíquotas de 5% a 11% sobre o rendimento, conforme a faixa de ganhos.
O modelo proposto pelo iFood é semelhante ao do empregador doméstico, no qual o patrão paga 20% sobre o salário do empregado para custear benefícios previstos na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), mas parte das despesas sociais com esse profissional é subsidiada pelo governo.
Mas Marinho afirmou à Folha de S.Paulo em março que não há discussões no governo para subsidiar a contribuição previdenciária dos entregadores por aplicativo.
“Eles devem acreditar em Papai Noel, sei lá. Não sei no que eles acreditam. Não terá subsídio. Esquece isso. Isso não está colocado na mesa”, disse o ministro na época.
STÉFANIE RIGAMONTI / Folhapress