Presidente do Nacional agradece ajuda de dupla do São Paulo

GAROPABA, SC (UOL/FOLHAPRESS) – Alejandro Balbi, presidente do Nacional-URU, fez um agradecimento ao São Paulo, em especial a Calleri e Rafinha, pela ajuda oferecida ao longo de todo episódio envolvendo a morte do zagueiro Juan Izquierdo.

“O que o plantel do São Paulo fez por nós foi incrível, nos ajudaram de todas as formas”, disse em entrevista à rádio uruguaia Sport 890.

O presidente do clube uruguaio citou especificamente os casos de Calleri e Rafinha pelo auxílio que eles ofereceram ao longo de todo o processo. “Escutar o Calleri e o Rafinha ligando para o diretor da agência de viagens do clube pedindo um avião para virem ao velório diz muito sobre como eles também foram afetados pelo que aconteceu”.

Alejandro ainda falou sobre a dificuldade para encontrar forças para retomar o futebol e o Campeonato Uruguaio, que está suspenso. “É muito difícil… Não temos vontade nenhuma de falar sobre a data de retorno ou quando voltaremos a jogar. É tudo muito difícil. É impossível colocar na cabeça que vai ter um treino quando aconteceu tudo o que aconteceu”.

O presidente alertou para a necessidade de um trabalho psicológico e falou sobre o estado emocional de seus atletas. “Os jogadores estão destruídos, porque sabem que está faltando alguém. Agora, temos que encarar essa situação e sabemos que será necessário um grande trabalho psicológico. Serão semanas duríssimas, então peço às pessoas que tenham compreensão”.

O QUE MAIS ELE DISSE

Muita conversa com a família de Izquierdo. “As horas pareciam eternas enquanto a gente esperava um milagre que infelizmente não aconteceu. Enquanto a gente esperava, conversei muito e falamos sobre muitos assuntos. Foram dias duríssimos porque não há uma cartilha de como agir nesses casos… Quando você se lança nessa aventura de ser dirigente de futebol, e a mesma coisa acontece com treinadores e jogadores, você não está preparado para esse tipo de coisa”.

Lei da vida. “Você está preparado para encarar as leis naturais da vida, que dizem que os filhos enterram os pais, e não para o contrário… Infelizmente, houve nesse caso essa exceção à lei da vida. Por mais que eu possa transmitir a dor, pois estou destruído por dentro, não posso sequer me aproximar do que estão sentindo os pais de Juan e sua esposa. Não há maneira de não sofrer por eles”.

Juan só queria dinheiro para comprar chuteira. “Quanto mais você passa tempo com alguém, mais conhece a história, os relatos e o esforço da família. Seus pais me contaram de quando levavam o Juan na escolinha de futebol de moto para vê-lo jogar. E o único dinheiro que o Juan pedia a eles era para comprar chuteiras para jogar futebol”.

Processo de recuperação não é coletivo. “E a maneira de processar as coisas não é coletiva… Há jogadores que serão afetados de uma maneira, enquanto outros serão afetados de forma diferente”.

Cadeira vazia. “Sei que neste clube sempre temos que ganhar e ser campeões, mas, por trás dos jogadores de futebol, há sempre famílias e ausências dolorosas. Quando os jogadores sentarem para comer no CT e verem que há uma cadeira vazia, vão pensar que o Juan deveria estar ali… E isso será muito duro”.

Rivalidade à parte. “Fiquei muito feliz nesta quarta-feira (28) de ver em nossa sede muitos torcedores com camisas do Peñarol e de outros clubes… Essa é a melhor resposta que podemos dar neste momento e mostra como nós, como uruguaios, prezamos por nossos valores”.

MORTE ENCEFÁLICA

Izquierdo sofreu uma arritmia seguida de parada cardíaca na última quinta-feira (22). Nesta terça (27), o Nacional anunciou a morte do jogador, que teve morte encefálica.

Ele estava internado na UTI no Hospital Israelita Albert Einstein. O zagueiro caiu sozinho no gramado do MorumBis durante o jogo contra o São Paulo, pela Libertadores, e precisou ser reanimado mais tarde.

Ele foi atendido por médicos dos dois times no gramado e deixou o estádio de ambulância. O atleta chegou ao hospital em parada cardíaca, e manobras de ressuscitação foram feitas. Um desfibrilador também foi usado.

O quadro do jogador piorou no último domingo, com “progressão do comprometimento cerebral e aumento da pressão intracraniana”. Ele passou por cuidados intensivos neurológicos e estava respirando por meio de ventilação mecânica.

Redação / Folhapress

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