BUENOS AIRES, ARGENTINA E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente eleito do Uruguai, Yamandú Orsi, deve desembarcar nesta quinta-feira (28) em Brasília para uma reunião com o presidente Lula (PT).
O encontro entre Orsi e o petista deve ocorrer na sexta-feira (29), de acordo com pessoas com conhecimento da agenda ouvidas pela reportagem.
O uruguaio disse nesta quarta-feira (27) que o tema central de sua reunião com Lula será a possibilidade que o processo de licitação de uma obra na ponte sobre o rio Yaguarón, na fronteira entre os dois países, seja acelerado.
Orsi, 57, da coalizão de esquerda e centro-esquerda Frente Ampla, venceu as eleições no domingo (24). Sua vitória marca o retorno da Frente -historicamente próxima ao PT- após cinco anos de governo de centro-direita, sob a liderança de Luis Lacalle Pou.
Lula foi um dos primeiros líderes a felicitar Orsi por sua vitória. No dia seguinte à eleição, o petista ligou para o presidente eleito uruguaio e disse que visitará o país para a cúpula do Mercosul, no início de dezembro. Na ocasião, deve se encontrar tanto com Orsi quanto com o ex-presidente José “Pepe” Mujica.
A eleição de Orsi foi altamente celebrada em Brasília. Nos termos de um interlocutor do governo Lula, a situação muda totalmente, e haverá um diálogo político muito mais íntimo; nas palavras de outro, haverá uma aproximação grande e uma pitada de ânimo na América do Sul. Todos se referem a Orsi como o herdeiro de Mujica.
Assim, interlocutores do governo dizem esperar que Orsi tenha Mujica, que governou de 2010 a 2015 e a quem chama de maestro (professor), como um oráculo. Mais especificamente, mencionam a atuação conjunta no Mercosul.
Sob reserva, um diplomata diz que agora há apoio de três de cinco países do bloco. É uma menção ao fato de que os governos do Brasil, do Uruguai e da Bolívia (Luis Arce) estarão mais alinhados contra o avanço da ideologia argentina de Javier Milei e a atuação tímida do Paraguai de Santiago Peña para confrontar Buenos Aires. Seja como for, a Bolívia ainda não tem poderes de decisão no bloco.
MAYARA PAIXÃO E RICARDO DELLA COLETTA / Folhapress