SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O “people mover” aeromóvel, como é chamado o sistema de trem que ligará a estação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) aos terminais do aeroporto de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, tem nova previsão de inauguração, agora para agosto deste ano.
A operação ao público deveria ter sido começado no primeiro semestre de 2024, mas atrasou. Depois, o prazo passou para o segundo semestre do ano passado, o que não ocorreu.
Em janeiro, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) publicou em suas redes sociais que a inauguração deveria ocorrer em março e, no mês passado, o vice-governador Felício Ramuth (PSD) disse em entrevista que ela só deveria começar no segundo semestre.
A nova data para início de funcionamento dos trens, de 31 de agosto, é um pedido da Aerom Sistemas de Transporte, empresa responsável pelo desenvolvimento do projeto e pelo contrato de concessão do transporte entre a estação de trem e o aeroporto. De acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a solicitação foi formalizada pela concessionária GRU Airport, que tem a gestão do aeroporto.
“O término da implantação e início da operação estão atrasados devido a questões construtivas, de implantação da tecnologia e internas do consórcio construtor, conforme informado pela concessionária”, diz Anac, em nota. Questionada sobre prazos, a GRU Aiprot não respondeu.
A agência reafirmou que pode multar a concessionária por causa dos atrasos.
Segundo apurou a reportagem, a ideia é a partir de maio fazer uma espécie de operação assistida com transportes de passageiros aos fins de semana até a inauguração definitiva no fim de agosto. A informação não foi confirmada pela Anac.
Desde o início do ano, os três trens estão em testes nos fins de semana, inclusive com peso e em busca de certificações. Começaram a rodar primeiro aos domingos e, no último dia 8, também aos sábados. Havia uma estimativa de que passageiros pudessem participar destas pré-operações em fevereiro, o que não aconteceu.
A certificação exigida em contrato é a mesma de metrôs no exterior ou para instalação de usinas nucleares, dizem Hulbéia Ribas, gerente de segurança, e Marcus Coester, CEO da Aerom, empresa com sede no Rio Grande do Sul.
Ao todo, a via suspensa com trilhos tem 2,7 km de extensão com quatro estações, uma ligada à do trem metropolitano e outras em cada um dos três terminais do aeroporto internacional. Quando o sistema estiver inaugurado, esse trajeto final será feito em aproximadamente seis minutos.
Em janeiro, a reportagem da Folha de S.Paulo viajou em dois percursos inteiros do trajeto, com paradas técnicas que deixaram o tempo de percurso mais longo.
Nesta fase de testes, o trem é monitorado como se estivesse em operação normal, com parada em cada uma das estações, simulando o tempo necessário para saída e entrada de passageiros.
Quando a reportagem esteve presente, havia cerca de 20 pessoas no trem, entre convidados, engenheiros e técnicos da Aerom.
O trem, que circula por meio de propulsão pneumática, é composto por dois carros articulados que pesam 16 toneladas e deverá levar até 200 passageiros por viagem. Eles rodam em dois trilhos, como se fossem trens convencionais.
As estações estão totalmente prontas e sinalizadas. Há portas automáticas em cada uma delas e que só abrem após a abertura das do veículo parado.
O custo total foi estimado no ano de 2023 em pouco mais de R$ 300 milhões. O pagamento é custeado com recursos da outorga da concessionária. O contrato de operação da Aerom é de dez anos, depois o sistema passa para a União.
Atualmente há duas opções para se chegar pelo sistema ferroviário ao aeroporto de Cumbica. Uma delas é a linha 13-jade, com saída da estação Engenheiro Goulart, na zona leste de São Paulo.
A outra alternativa é o Expresso Aeroporto, que também circula na linha 13, provisoriamente até abril, a partir da estação da Luz (centro), por causa de obras normalmente a partida é da estação Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.
O embarque é de hora em hora. Nos dois casos, a tarifa custa R$ 5,20. O acesso ao aeromóvel é gratuito e ele poderá ser usado, inclusive, para o deslocamento de pessoas entre os terminais.
O “people mover” precisou ser construído porque a estação da CPTM não chega ao aeroporto. O transporte aos terminais atualmente é feito em ônibus.
FÁBIO PESCARINI / Folhapress