RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Rodoviária Federal (PRF) disse que já identificou o agente que entrou à paisana na unidade de tratamento intensivo em que está internada Heloisa dos Santos Silva, 3. A menina foi baleada na nuca e no ombro na noite da última quinta-feira (7), durante uma ação da PRF no Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro.
Heloisa está intubada no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. O estado dela é grave, mas estável, segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde neste domingo (10).
A PRF informou que a Corregedoria-Geral do órgão abriu um inquérito para investigar por que o agente foi ao hospital em que Heloisa está internada e entrou na UTI. A identidade do policial, que não foi divulgada à imprensa, foi passado ao Ministério Público Federal, que também investiga o caso.
Segundo o procurador República Eduardo Benones, responsável pelo inquérito do MPF, o policial entrou na UTI sem se identificar nem pedir autorização da segurança do hospital e da equipe médica. Ele apenas disse que o motivo para estar lá era “assunto policial”.
A Procuradoria vai investigar o que exatamente o agente foi fazer na unidade médica, principalmente na ala em que está Heloisa. De acordo com o MPF, a depender do que apontar a investigação, o policial pode ser denunciado à Justiça Federal por abuso de autoridade.
Heloisa foi baleada enquanto passava com a família pelo Arco Metropolitano, na altura de Seropédica. De acordo com relatos dos parentes e de testemunhas, uma viatura da PRF passou a seguir o carro em que a menina estava. Os agentes abriram fogo contra o veículo, após o pai da criança, William Silva, dar sinal de parada.
O caso é investigado também pela Polícia Federal. Antes de ser passado para as autoridades federais, o incidente foi registrado na delegacia de Seropédica.
À Polícia Civil, o agente Fabiano Menacho Ferreira admitiu que atirou contra o carro da família. Ele alegou que teria ouvido barulhos de tiros e, por isso, fez os disparos. O policial disse ainda que a equipe começou a seguir o veículo após constatar que ele era roubado.
O carro da família de Heloisa tem registro de ter sido roubado em agosto do ano passado, em Magé, também na Baixada Fluminense. A família, porém, afirmou que comprou o veículo recentemente e disse não saber que ele estava em situação irregular.
O veículo foi atingido por ao menos três tiros disparados pelo agente.
O pai de Heloisa, William Silva, disse em entrevista a TV Globo que os agentes da PRF atiraram contra o carro da família após eles terem passado pela viatura da polícia.
“A Polícia Rodoviária Federal estava parada ali no momento que a gente passou. A gente passou e eles vieram atrás. Aí eu falei: ‘Bom, tudo bem, mas eles não sinalizaram para parar’. E aí, como eles estavam muito perto, eu dei seta e, neste momento, quando meu carro já estava quase parado, eles começaram a efetuar os disparos”, afirmou Silva.
Ferreira e outros três agentes foram afastados de suas funções. A arma utilizada pelo policial também foi apreendida para perícia.
Neste sábado, a família de Heloisa recebeu a visita das comissões de Direitos Humanos da Polícia Rodoviária Federal e da OAB-RJ, além de procuradores do Ministério Público Federal.
CAMILA ZARUR / Folhapress