Primeira cidade provisória para desabrigados da enchente é inaugurada no RS

CANOA, RS (FOLHAPRESS) – A primeira cidade provisória para vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul foi inaugurada nesta quinta-feira (4) em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.

Batizado de Recomeço, o CHA (Centro Humanitário de Acolhimento) aberto pelo governo gaúcho começou a receber nesta manhã os primeiros moradores, a maior parte do próprio município de Canoas, um dos mais afetados pelas cheias.

O espaço se preparou para receber 97 famílias no primeiro dia: 49 são oriundas do abrigo montado no campus da Ulbra e 48 do abrigo Fênix, que serão desativados.

A lotação máxima de 630 pessoas deve ser atingida no dia 15. A formulação familiar foi considerada para receber as primeiras famílias, levando em conta critérios como presença de idosos, gestantes, PCDs (pessoas com deficiência) e pessoas com TEA (transtorno do espectro autista).

São 126 casas modulares instaladas em uma área de 30 mil metros quadrados, próximo à estação do Trensurb.

As estruturas são simples, no padrão da ONU (Organização das Nações Unidas) para refugiados. No Brasil, alojamentos do tipo foram erguidos em Roraima em meio à crise da imigração venezuelana.

Cada casa tem 17 m² e abrigará até cinco pessoas. São oferecidos cama de casal, beliches, cama de casal e berços, de acordo com a necessidade de cada família.

A divisão do espaço é por “ruas”, e cada casa é Identificada por uma letra e número. A casa A01, por exemplo, tem uma cama de casal, uma de solteiro e um beliche, podendo comportar uma família de cinco.

A iniciativa é coordenada pelo vice-governador Gabriel Souza (MDB) e integra o Plano Rio Grande de ações estaduais para mitigar os danos das chuvas e enchentes.

A instalação das casas provisórias começou no dia 17 de junho e foi financiada pelo sistema Fecomércio/Sesc/Senac. O Acnur (Agência da ONU para Refugiados) doou as casas modulares, montadas por especialistas com auxílio do Exército.

A gestão do espaço será feita pela OIM (Agência da Organização das Nações Unidas para as Migrações). A alimentação fica a cargo de empresa contratada pela agência e será servida em refeitório coletivo que pode ser ocupado por até 450 pessoas.

A maior parte das casas fica na área externa do centro humanitário, no pátio do terreno. Essas estruturas são maiores, divididas ao meio e com uma porta em cada extremidade, configurando duas unidades habitacionais. Essa divisória interna não chega até o fim do teto. Por isso, segundo a coordenação do CHA, o plano é dar preferência de ocupação desses lugares a pessoas que sejam parentes ou conhecidas.

Na área externa também ficam banheiros, e o anexo coberto com canil e parquinho para cachorros. Gatos podem ficar dentro das unidades habitacionais, sob cuidados dos donos.

No espaço interno, dentro de um pavilhão, ficam outras casas provisórias menores e individualizadas, sem a divisória. O local também tem as áreas de uso comum. Há uma sala com brinquedos, livros e material de desenho espalhados por mesas, já prontos para receber crianças.

A área de higiene é composta por 28 contêineres com banheiros. São 76 sanitários comuns e 15 para PCDs, além de 54 chuveiros, seis deles para PCDs.

Segundo o governo do estado, a média de 1 banheiro a cada 7 pessoas é superior à recomendação da OIM -de 1 para 20. O espaço também conta com berçário, fraldário e cadeiras de amamentação.

A lavanderia tem oito máquinas de lavar e outras oito de secar, e um espaço com varais.

A segurança será feita pela Brigada Militar do RS, que terá um posto fixo, e pela Secretaria de Segurança Pública de Canoas, que fará a gestão das câmeras de circuito interno.

Dois consultórios médicos foram montados no lugar, um para atendimento e outro para recuperação. Os espaços têm equipes de saúde e assistência social municipal e estadual.

As famílias chegam em ônibus, e são encaminhadas em grupos pelos agentes da OIM para um cadastramento de informações básicas. Depois, são encaminhados para uma equipe de fotografia.

“Todo mundo tem uma identificação própria, e todo mundo tira foto porque vai ter acesso ao crachá individualizado”, explica Micheline Cunegundes, coordenadora de gestão da informação da OIM no Brasil.

Enquanto os crachás não ficam prontos, a identificação é feita com uma pulseirinha. A equipe então acompanha as famílias para sua unidade habitacional, onde podem deixar parte dos bens que carregam consigo, como roupas, roupas de cama, produtos de higiene pessoal e bens pessoais que não ocupem muito espaço.

Entretanto, nem tudo pode ficar dentro das unidades habitacionais. Há uma equipe responsável por organizar um depósito onde os moradores do centro Recomeço podem armazenar as poucas coisas que salvaram da enchente ou donativos de grande porte.

“Tem muito volume [de pertences] chegando junto com elas nos ônibus”, explica Micheline. “As pessoas estão indo deixar no almoxarifado porque não tem estrutura para receber eletrodoméstico, ligar coisas dentro [das casas provisórias]”. No pavilhão, há espaços com tomadas para recarregar celulares.

O governador Eduardo Leite (PSDB) disse na inauguração que o cenário “não é ainda o ideal”, mas afirmou ver o centro humanitário como “mais um passo” para reduzir o número de desabrigados no estado, de cerca de 6.000 atualmente.

Os próximos quatro CHAs serão instalados em Porto Alegre no Centro Vida, no estacionamento do Porto Seco e no centro de eventos Ervino Besson, e no Centro Olímpico Municipal (COM) de Canoas. A previsão é que 3.700 pessoas sejam acolhidas.

CARLOS VILLELA / Folhapress

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