Primeiro voo de Congonhas para Porto Alegre tem piloto emocionado e aplausos

PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Uma bandeira do Rio Grande do Sul pendurada na janela antes do embarque e um aviso com sotaque gaúcho após dez minutos de voo de que aquele avião estava a caminho de Porto Alegre.

O comandante Paulo Zancani, 58, foi aplaudido pelos mais de 180 passageiros do primeiro voo que partiu de Congonhas, na zona sul de São Paulo, para o Aeroporto Salgado Filho, reaberto nesta segunda-feira (21), mais de cinco messes depois de ter sido atingido pela inundação que devastou boa parte do Rio Grande do Sul em maio deste ano.

O voo da Gol, que decolou às 7h, foi o segundo a pousar em Porto Alegre —um avião da Azul, vindo de Campinas (SP), desceu um pouco antes.

“Estamos de braços abertos para receber todos que embarcam para esse destino, seja a negócios ou para estar perto desse povo forte”, disse o piloto pelo sistema de som, para ser aplaudido em seguida.

Com a voz embargada, em uma fala de mais de cinco minutos, o comandante narrou as dificuldades dos últimos meses, quando a Base Aérea de Canoas foi usada provisoriamente como aeroporto comercial.

“Finalmente estamos voltando à nossa casa, pisando no nosso solo”, disse.

O passageiro Fernando Godinho, 40, viaja a cada três meses para o Rio Grande do Sul para dar manutenção em equipamentos farmacêuticos, e não ia a Porto Alegre desde as enchentes.

“É muito melhor descer em Porto Alegre, mais perto do que preciso fazer”, afirmou ele, sentado na primeira fila do avião lotado.

A gaúcha Davia Sivergnini, 40, vai a cada duas semanas a São Paulo para ver a filha que estuda na capital paulista. Ela comemorou a reabertura do Salgado Filho. “Foram tempos difíceis, com passagens a mais de R$ 4.000 para descer em Canoas, longe de casa”, afirmou.

Em solo, os passageiros foram cumprimentados por Andrea Pal, CEO da Fraport Brasil, concessionária que administra o aeroporto. A recepção ficou por conta de grupos com vestes tradicionais gaúchas, bandas folclóricas e um cover do cantor Freddie Mercury, que entoou “We Are The Champions”, do Queen.

“A gente viu muito de perto a questão da enchente. Estamos voltando com infraestrutura”, disse Matheus Motta, gerente de Planejamento e Infraestrutura da Gol, que estava na frente do avião, em meio a uma pista repleta funcionários com coletes em clima de festa e filmando a aeronave com a bandeira do Rio Grande do Sul na fuselagem.

TERMINAL AINDA SEGUE EM OBRAS

A menos de 50 metros de onde parou o avião, havia uma máquina mexendo no asfalto da pista. O diretor de informática Thomas Hansen, 50, fez uma selfie com Boeing e trator de fundo.

“Fiz questão de vir neste avião, queria estar no primeiro voo que saiu de Congonhas”, afirmou ele, que mora em São Paulo, mas tem empresa em Porto Alegre.

O aeroporto reabre para voos domésticos. A capacidade total, com 128 voos diários, deve ser retomada em novembro —com a liberação de 1.730 metros dos 3.200 metros da pista principal e a volta da operação para trechos internacionais.

Na manhã desta segunda, algumas áreas do saguão de embarque do aeroporto estavam com luzes apagadas, principalmente nas lojas.

O sistema de alto-falante do terminal também informava que o ar-condicionado operava parcialmente.

Segundo Andrea Pal, algumas limitações estavam previstas para esse início de operação.

“Sabia do início que iríamos ter problemas de toda a parte, de abastecimento de energia e tecnológica que funciona temporariamente”, disse. “Avisei há umas semanas que poderíamos ter apagão, que o wifi e o ar-condicionado podem não funcionar. Mas estamos trabalhando e a programação é finalizar tudo em dezembro.”

FÁBIO PESCARINI / Folhapress

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