BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (11) a chamada “admissibilidade” do processo contra o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que se desentendeu e agrediu um militante do MBL (Movimento Brasil Livre) na Casa, em abril.
Foram 10 votos a favor e 2 contra o avanço da apuração que, ao final, pode resultar na cassação do mandato do parlamentar.
A partir de agora abre-se prazo para a instrução do processo, o que inclui o depoimentos de testemunhas, e, ao final, o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) apresentará um relatório conclusivo.
Glauber voltou a acusar o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de estar por trás da tentativa de sua cassação e, inclusive, do relatório de Paulo Magalhães pela admissibilidade.
Em sessão anterior, Glauber chamou Arthur Lira de “bandido” e, nesta quarta-feira, voltou a fazer acusações contra o presidente da Casa, dizendo haver suspeita de que ele tentou calar uma testemunha mediante propina.
Procurado, a presidência da Câmara não se manifestou.
A sessão novamente foi marcada por discussões entre Glauber, o relator, outro integrante do conselho, Alexandre Leite (União-SP), e o deputado Kim Kataguiri (União-SP), um dos fundadores do MBL.
Apesar de dizer que não é seu objetivo cassar colega, o relator afirmou que seu voto será contra o deputado do PSOL.
Leite chegou a dizer inclusive que irá encaminhar à Mesa da Câmara pedido de afastamento cautelar do mandato de Glauber diante do seu comportamento e das acusações que ele tem feito contra outros parlamentares.
Após a aprovação do relatório, há prazo de até 60 dias úteis para instrução processual, apresentação do relatório final e votação.
O conselho é o órgão responsável por analisar atos disciplinares dos parlamentares e emitir um parecer.
No caso de recomendação de cassação, a palavra final é do plenário da Câmara, onde é preciso o voto de ao menos 257 dos 513 parlamentares para que haja a punição.
Glauber Braga sempre disse não ter se arrependido da agressão.
Em abril, o psolista chutou um membro do MBL identificado como Gabriel Costenaro e o expulsou das dependências da Câmara. Os dois seguiram discutindo no estacionamento do anexo 2 da Câmara e, após serem separados, foram levados para prestar depoimento no Departamento de Polícia Legislativa da Casa.
Nesse momento, o parlamentar e o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) também discutiram. Braga chamou o colega de “defensor de nazista” e Kataguiri levantou o dedo contra ele. Na sequência, os dois trocaram empurrões.
Nas redes sociais, Gabriel Costenaro tem várias publicações em que provoca políticos de esquerda e jornalistas, enquanto outra pessoa filma.
Braga disse à época que não era a primeira vez que ocorria aquele tipo de provocação por parte de Costenaro no perfil da rede social do militante do MBL há registros de ao menos um outro encontro entre os dois. “Não vamos aceitar ficar sofrendo perseguição permanente desse sujeito”, disse o parlamentar.
“Não é de hoje que Glauber Braga tem adotado uma postura inaceitável para um parlamentar. Hoje ele extrapolou todos os limites ao agredir Costenaro, um membro do MBL que estava quieto na dele. #GlauberCassado”, publicou Kataguiri na ocasião.
RANIER BRAGON / Folhapress