Projeções falham, e ultradireita consegue apenas 5 cadeiras no Parlamento britânico

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na contramão de outros países da Europa, o Reino Unido não viu o seu partido de ultradireita, o Reform UK, avançar como projetavam pesquisas de intenção de voto, como apontam os resultados das eleições divulgados nesta sexta-feira (5). A sigla conseguiu apenas 5 assentos no Parlamento, desempenho bem distante de estimativas que previam de 13 a 15 cadeiras.

As sondagens indicavam que o Reform UK, liderado pelo polêmico Nigel Farage, teria de 14% e 20% das intenções de voto. Nesse caso, os institutos acertaram, pois a sigla teve 14,3% dos votos, de acordo com a apuração, praticamente concluída, pois faltava, até a última atualização deste texto, a definição de apenas 1 dos 650 distritos eleitorais.

A discrepância entre a votação geral e o número efetivo de assentos conquistados se deve ao sistema eleitoral do Reino Unido, o chamado distrital puro. Como cada membro da Câmara dos Comuns é eleito em uma disputa interna dentro de cada distrito, é importante os partidos terem representatividade em todo o território britânico. Não basta obter muitos votos em um distrito específico e poucos na maioria dos demais.

Pequeno e sem estrutura nacional, o Reform UK não conseguiu desempenho suficiente para converter seu percentual de votos gerais em uma parcela proporcional de cadeiras no Parlamento. Como comparação, os liberais-democratas obtiveram menos votos gerais que a ultradireita, com 12,2%, mas seu aproveitamento em distritos conquistados foi muito maior, dando-lhes 71 cadeiras, o que os consolida como terceira maior força política do país.

Por outro lado, não fosse o anticlímax diante da projeção das pesquisas, o Reform UK tem o que comemorar em relação ao pleito anterior, em 2019, quando não conseguiu nenhum assento. E um dos cinco novos parlamentares é justamente seu líder, Farage. Ex-membro do Parlamento Europeu, ele havia fracassado em sete candidaturas anteriores para o Legislativo britânico.

Com uma agenda anti-imigração radical, a sigla está à direita do Partido Conservador do agora ex-primeiro-ministro Rishi Sunak —que renunciou ao cargo após os britânicos darem vitória ao Partido Trabalhista do novo premiê, Keir Starmer.

Agora estreante na Câmara dos Comuns, o Reform UK se coloca, em termos de bancada, no mesmo patamar dos nanicos Partido Verde e Partido do País de Gales.

Farage foi uma das figuras-chave do brexit, o referendo de 2016 que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia, e é conhecido por comentários considerados xenofóbicos. Ele já afirmou que muçulmanos não seguem os valores do país e que se sente desconfortável ao ouvir línguas estrangeiras no transporte público.

Partidos com plataformas semelhantes se projetam em outros países da Europa e têm conquistando espaço. Na França, por exemplo, a Reunião Nacional (RN) de Marine Le Pen foi o partido mais votado nas eleições legislativas da semana passada. Derrotada por Macron no segundo turno das eleições presidenciais de 2017 e 2022, a ultradireitista lidera as pesquisas para o pleito de 2027.

Já o partido alemão de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha) tem chances de vencer as eleições regionais em três estados da antiga Alemanha Oriental, em setembro: Brandemburgo, Saxônia e Turíngia. A sigla, que está com um nível recorde de filiação, ficou em segundo lugar entre os partidos alemães nas eleições para o Parlamento Europeu do mês passado.

Redação / Folhapress

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