SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na contramão de outros países da Europa, o Reino Unido não viu o seu partido de ultradireita, o Reform UK, avançar como projetavam pesquisas de intenção de voto, mostram os resultados das eleições divulgados nesta sexta-feira (5).
Com uma agenda anti-imigração radical, a sigla está à direita do Partido Conservador do agora ex-primeiro-ministro Rishi Sunak que renunciou ao cargo após os britânicos darem vitória ao Partido Trabalhista do novo premiê, Keir Starmer.
As pesquisas indicavam que entre 14% e 20% dos eleitores pretendiam votar no Reform UK, de acordo com um agregador da BBC News, e ao menos um dos institutos chegou a mostrar a sigla à frente do tradicional Partido Conservador, no meio de junho.
Em geral, os últimos levantamentos mostravam que o apoio ao partido havia estagnado nas duas semanas anteriores ao pleito após crescer ao longo da campanha.
Segundo a projeção da agência Survation divulgada na véspera do pleito, por exemplo, 17% dos eleitores votariam no Reform UK, o que lhe renderia 13 assentos no Parlamento britânico.
Foi justamente o número de cadeiras que não saiu como o esperado para os ultradireitistas o desempenho no total nacional de votos nem sempre reflete quantos assentos um partido obtém no Parlamento. Isso porque não adianta uma legenda ter votação expressiva em alguns poucos distritos e não pontuar bem nos demais.
No final da manhã desta sexta, quando os resultados de duas das 650 cadeiras da Casa ainda estavam pendentes, o partido havia conseguido apenas quatro deputados.
Na atual apuração, o número de cadeiras que a sigla ganhou a coloca no mesmo patamar dos nanicos Partido Verde e Plaid Cymru, ou Partido do País de Gales, e, como esperado, bem atrás dos trabalhistas, que conquistaram ampla maioria com 412 assentos, e dos conservadores, que terão 121 deputados.
Não fosse o anticlímax ante a projeção das pesquisas, as vitórias para a ultradireita britânica seriam mais visíveis. Isso porque, em comparação com as últimas eleições, em 2019, o Reform UK cresceu naquele ano, o partido não conseguiu nenhuma cadeira no Parlamento. Além disso, o partido foi o terceiro mais votado, com 14,3% dos votos.
Entre os quatro eleitos está Nigel Farage, líder da sigla e um dos mais de 300 candidatos escolhidos para o Parlamento pela primeira vez. Ex-membro do Parlamento Europeu, Farage fracassou em sete candidaturas anteriores para ser eleito para o Legislativo britânico.
Farage é uma das figuras-chave do brexit, o referendo de 2016 que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia, e é conhecido por comentários considerados xenofóbicos. Ele já afirmou que muçulmanos não seguem os valores do país e que se sente desconfortável ao ouvir línguas estrangeiras no transporte público.
Figuras semelhantes pipocam na Europa e vem conquistando espaço. Na França, por exemplo, a Reunião Nacional (RN) da deputada Marine Le Pen foi o partido mais votado nas eleições legislativas da semana passada. Derrotada por Macron no segundo turno das eleições presidenciais de 2017 e 2022, a ultradireitista lidera as pesquisas para o pleito de 2027.
Já o partido de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha) tem chances de vencer as eleições realizadas em três estados da antiga Alemanha Oriental, controlada pelos comunistas. A sigla, que está com um nível recorde de filiação, ficou em segundo lugar entre os partidos alemães nas eleições para o Parlamento Europeu do mês passado.
Redação / Folhapress