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Projeto Bicho de Casco devolveu mais de 22 mil quelônios a rios da Amazônia

NOVO AIRÃO, AM (FOLHAPRESS) – Paul Clark é um sujeito teimoso. Nascido na Escócia, decidiu se mudar para Amazônia nos anos 1990, pouco após concluir a faculdade. Não satisfeito em mudar-se para a floresta, decidiu também que iria mudar A floresta com duas ferramentas: a educação e a preservação.

Na primeira vertente, criou o projeto VivAmazônia, que alfabetizou centenas de crianças locais e incutiu-lhe desde cedo a atenção com o lugar onde vivem. Na segunda, mirou nas tartarugas e outros quelônios locais e criou, em 2003, o Bicho de Casco.

A ideia era proteger os filhotes e acabar com a pesca predatória dessas espécies de répteis, inibir o comércio e limitar o consumo dos animais -uma iguaria local- a umas poucas ocasiões em família.

Com a ajuda de outros voluntários e de líderes comunitários, Paul passou a recolher ovos das praias fluviais -os quelônios enterram seus ovos sob a areia-, protegê-los até que os filhotes nascessem e depois criassem forças, em cinco ou seis semanas, para conseguirem voltar ao rio.

Desde o início, foram mais de 22 mil animais recolocados em seu habitat, e mais gente aderiu à ideia: Ruy Tone, da Katerre, passou a fornecer o transporte para toda a operação, além de participar da capacitação de voluntários, e o ICMBio se uniu ao resgate e cuidado dos animais, além de monitorar a soltura, na reserva extrativista Baixo Rio Branco e Jauaperi, criada em 2018 no Amazonas e em Roraima.

Hoje são sete praias monitoradas e seis comunidades envolvidas. O projeto remunera os voluntários por cada tartaruga devolvida ao rio.

“Em toda a região, em toda a Amazônia, o tráfico de quelônios é uma grande preocupação. O ilícito é visível”, diz Leila Nápoles, gestora do ICMBio no Jauaperi. “Nós encontramos embarcações com 200, 300. É muito. E parece que nunca vai acabar, mas acaba. Por isso que a gente incentiva os programas de manejo.”

Leila aponta a dificuldade em estabelecer o conselho deliberativo da reserva e desenhar o plano de manejo como obstáculos ao programa, que apoia atividades sustentáveis.

Mesmo assim, o avanço é concreto. Na expedição que a reportagem acompanhou, foram sete solturas em três dias, com cerca de 400 animaizinhos em cada uma delas. São ações coordenadas por gente das próprias comunidades, como Divina, que assumiu a missão em Samaúma (RR) e agora ensina as filhas Letícia, 8, e Lília, 5, sobre a importância de conservar o lugar onde vivem.

Entre as espécies resgatadas estão a irapuca, a tracajá, a pequenina iaçá, a tartaruga amazônica e a cabeçuda, considerada a mais agressiva.

LUCIANA COELHO / Folhapress

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