SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Projeto paralelo do chefe-executivo do ChatGPT Sam Altman, a Worldcoin fechou os três pontos de registro que mantinha no Brasil. A iniciativa gera identidades digitais únicas mediante verificação de dados da íris e do rosto e paga 25 criptomoedas para os interessados os primeiros a se registrarem chegaram a receber mais de R$ 600.
Em queda desde o lançamento, o valor de cada Worldcoin está em US$ 1,88 (R$ 9,21) no dia do lançamento, bateu os US$ 5,29 (R$ 25,93). Quem fizesse o cadastro nesta quarta (9), quando o Brasil já não constava entre os locais de coleta, receberia cerca de R$ 230.
Procurada pela reportagem, a Worldcoin afirma que o lançamento no Brasil foi um teste e não informou quantas pessoas foram cadastradas no país. “Não planejamos um serviço permanente desta vez.”
Desde o lançamento, a empresa cadastrou mais de 211 mil pessoas. Antes, havia coletado dados de 2 milhões de pessoas em fase de testes.
No Quênia, onde havia filas para se registrar nos Orbs da Worldcoin, o governo ordenou a suspensão do serviço da Worldcoin na última dia 1º para investigar perigos potenciais contra a segurança pública.
À reportagem, a ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados) afirmou estar ciente do lançamento do projeto. “No entanto, eventuais violações à LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados] são constatadas somente após processo fiscalizatório.”
A agência afirma que avaliará a necessidade de verificar a conformidade da plataforma com a LGPD. O tratamento de dados biométricos é uma prioridade, segundo a agenda regulatória da ANPD.
Na terça-feira (8), a Worldcoin anunciou, no aplicativo de bate-papo Discord, que abriu novos postos de registro na Argentina para atender à demanda crescente no país vizinho.
Reportagem da Folha de S.Paulo visitou um ponto de coleta de íris da Worldcoin e encontrou apenas alguns interessados.
Especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo afirmam que um vazamento de dados de íris e face, como os coletados pela Worldcoin, aumentam o risco de roubo de identidade.
Antes do lançamento oficial em 14 países, a Worldcoin testou a plataforma em 2 milhões de pessoas em 24 países 14 eram nações em desenvolvimento pelos critérios do Banco Mundial, das quais oito estavam na África.
O aplicativo é gerido pela empresa Tools For Humanity, com sedes em São Francisco (EUA) e Berlim (Alemanha). Os executivos são Sam Altman, que lidera a OpenAI, e o físico especialista em aprendizado de máquina Alex Blania.
PEDRO S. TEIXEIRA / Folhapress