PELOTAS, RS (FOLHAPRESS) – Um acidente envolvendo uma carreta e uma van na noite do último domingo (20) deixou nove mortos na BR-376, em Guaratuba (PR). A van transportava a delegação de jovens atletas de remo do projeto social Remar para o Futuro, de Pelotas (RS).
Criado em 2015, o projeto trabalha em parceria com a Academia de Remo Tissot, a prefeitura de Pelotas, a UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e o clube Centro Português 1º de Dezembro. São oferecidas 30 vagas rotativas, ocupadas por atletas a partir de 12 anos, recrutados em escolas públicas da cidade.
Emocionado, o coordenador-geral do projeto, Fabrício Boscolo, diz que o objetivo do grupo é transformar vidas. “O Remar tem a principal tarefa de mudar a vida dos adolescentes. Muitos deles não sabem o que querem para a vida ou para o que servem na sociedade e encontram aqui um lugar que tem disciplina, dedicação, afeto e responsabilidade”.
O projeto avalia os jovens observando características como estatura, envergadura, potência e flexibilidade. Os mais aptos ao esporte são convidados para participar junto com suas famílias. Os treinos chegavam a ocorrer seis vezes por semana. Mesmo com dificuldades para levantar recursos, os jovens alcançaram grandes resultados ao longo dos anos.
O projeto já enviou atletas para cinco campeonatos mundiais seguidos e também para algumas das principais equipes de remo do país –incluindo o Flamengo e o Grêmio Náutico União, em Porto Alegre. O grupo conquistou inúmeras vitórias em campeonatos brasileiros e sul-americanos.
“Hoje somos o maior projeto de iniciação esportiva do remo no Brasil, somos exemplo no mundo de detecção, seleção e produção de talentos do remo”, diz Boscolo.
Um dos idealizadores e principal responsável pelo projeto era o técnico Oguener Tissot, 43, que morreu no acidente.
Ele acompanhava os jovens atletas no Campeonato Brasileiro de Remo Unificado, em São Paulo, onde conquistaram sete medalhas e a 6º colocação geral, entre mais de 30 clubes participantes.
O grupo representava o clube Centro Português 1º de Dezembro, que fica em Pelotas (RS) e é a sede do treinamento dos atletas. O grupo voltava da capital paulista para a cidade gaúcha quando sofreram o acidente na BR-376 .
“O Oguener era o pilar do projeto. Nós girávamos em torno dele. É um lugar que ele construiu, idealizou e fomentou. Estamos desolados. Queremos continuar, temos jovens que são praticamente dependentes do Remar, mas precisamos parar e pensar em como nos reconstruir”, diz Boscolo.
Além de Oguener, sete jovens da equipe, com idades de 15 a 20 anos, morreram no acidente. A outra vítima é o motorista da van, de 52 anos. Um jovem de 17 anos sobreviveu e já recebeu alta médica. Ele espera a chegada da mãe em Joinville (SC), cidade para onde foi encaminhado, para retornar para casa. O motorista da carreta também sobreviveu.
HELENA SCHUSTER / Folhapress