SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ministério Público de São Paulo denunciou, nesta quarta-feira (18), 20 pessoas envolvidas no ataque da Mancha Alviverde à torcida cruzeirense, que resultou na morte de um torcedor, em outubro.
Segundo a promotoria, os denunciados assumiram o risco de matar por motivo “torpe, com emprego de meio cruel e de meio que possa resultar perigo comum, e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima”.
O caso aconteceu na manhã de domingo, 27 de outubro, quando dois ônibus com membros da Máfia Azul (organizada do clube mineiro) que seguiam de Curitiba (PR) para Belo Horizonte (MG) foram atacados por torcedores da Mancha na rodovia Fernão Dias.
Os cruzeirenses voltavam de um jogo contra o Athletico Paranaense. O Palmeiras havia jogado contra o Fortaleza na capital paulista. A ação, na altura do pedágio de Mairiporã, na Grande São Paulo, foi um revide a uma briga ocorrida na mesma rodovia, mas em solo mineiro, dois anos antes.
Naquela ocasião os palmeirenses levaram a pior. Entre eles estava o presidente Jorge Luis Sampaio dos Santos, que teve os documentos roubados e depois exibidos como um troféu em jogos do Cruzeiro.
Renan Bohus, advogado dos torcedores do clube mineiro, disse que eles estavam dormindo no momento em que foram atacados.
“Os torcedores rivais jogaram pregos na via e, quando o ônibus parou, eles arremessaram coquetel molotov, rojão, várias bombas. Invadiram o ônibus com pedaços de pau e agrediram as pessoas.”
Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), os policiais encontraram no local do confronto, espalhados pelo chão, objetos usados para furar pneus, conhecidos como miguelitos, além de fogos de artifícios e bombas caseiras.
Um dos ônibus usados pelos cruzeirenses foi incendiado. Um segundo, depredado. Imagens que circulam nas redes sociais mostram o ônibus em chamas. Os vídeos também registraram o momento em que torcedores mesmo feridos são agredidos.
Após o caso, o Ministério Público comparou a Mancha Alviverde ao crime organizado. “Há firmes evidências de que algumas torcidas organizadas atuam como verdadeiras facções criminosas, o que justifica a intervenção do Gaeco”, disse nota publicada no site do órgão sob a assinatura do procurador-geral de Justiça Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.
Suspeito de participação na emboscada, Jorge Luis Sampaio dos Santos, 44, ex-presidente da torcida palmeirense, foi preso no último dia 11. Além dele, o vice-presidente da torcida, Felipe Mattos dos Santos, o Fezinho, também se apresentou no mesmo dia.
Segundo o advogado Jacob Filho, Sampaio se declara inocente da acusação da Polícia Civil de que ele seria o mentor da emboscada.
ISABELLA MENON / Folhapress