SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Eneva propõe fusão de iguais à Vibra para criar terceira maior empresa de energia do Brasil. Americanas fecha acordo com parte dos bancos credores e vê plano de recuperação judicial mais perto de ser aprovado e o que importa no mercado nesta terça-feira (28).
FUSÃO PODE CRIAR 3ª MAIOR EMPRESA DE ENERGIA
A Eneva, empresa de produção de gás natural, apresentou uma proposta para fundir seu negócio com a Vibra (ex-BR), que atua no segmento de distribuição de combustíveis.
A união dos negócios das duas empresas resultaria na terceira maior companhia de energia do país em valor de mercado, só atrás de Petrobras e Eletrobras.
“Fusão de iguais”: foi assim que a Eneva se referiu à proposta de acordo encaminhada ao conselho de administração da Vibra. Ela considera que a nova empresa criada seria repartida de forma igual entre os acionistas das duas empresas.
O valor de mercado das duas, porém, é diferente. Na sexta (24), a Eneva valia R$ 20,7 bilhões, enquanto a Vibra era avaliada em R$ 25,9 bilhões.
Nesta segunda, as ações da empresa de gás natural caíram 2%, e os papéis da distribuidora recuaram 2,5%.
A estratégia: a Eneva afirma que os negócios das duas empresas se complementam.
Para a produtora de gás natural, a fusão reduziria sua alavancagem (endividamento) em um momento em que ela espera o retorno de volumosos investimentos feitos nos últimos anos.
A Vibra, por sua vez, é tida como uma empresa de faturamento mais estável, com poucas dívidas e forte geração de caixa. A empresa, porém, não é vista como um negócio de grande crescimento esperado para os próximos anos.
Outro argumento citado para a fusão seria a possibilidade de ofertar energia elétrica e gás natural à base de clientes corporativos da Vibra, que busca alternativas para substituir o uso do óleo combustível e diesel.
Há ainda o aspecto da transição energética. As duas fizeram aquisições recentes nesse campo, mas nenhuma delas chega a ser uma operadora relevante no segmento. A união dos negócios poderia acelerar essas frentes das empresas.
Quem é quem:
Eneva: maior operadora privada do Brasil de gás natural em terra (on shore). Antiga MPX, empresa de energia criada por Eike Batista, hoje a companhia tem como principais acionistas o BTG Pactual (22%), a Cambuhy (19%) e a gestora Dynamo (10%).
Vibra: a empresa integrada de energia que se chamava BR Distribuidora antes de ser privatizada mantém um contrato de licenciamento para operar a rede de postos Petrobras. Entre seus principais acionistas está o investidor Ronaldo Cesar Coelho (8%) e a Dynamo (10%), que, por ser sócia das duas empresas, é apontada como incentivadora do negócio.
AMERICANAS AVANÇA EM ACORDO COM CREDORES
A Americanas disse nesta segunda que chegou a um acordo com parte de seus credores acerca do plano de recuperação judicial da companhia.
Quem concordou: Bradesco, BTG Pactual, Itaú e Santander. Eles detêm cerca de 35% da dívida da varejista.
Quem é contra: o Safra é o único dos maiores credores que torce o nariz para o acordo. Na sexta (24), pediu à Americanas acesso aos documentos que embasaram os balanços de 2021 e 2022 e disse ter “profunda desconfiança” na varejista.
Quem falta: BV (Banco Votorantim) e Banco do Brasil também já sinalizaram apoio ao acordo e devem assiná-lo até a assembleia de credores.
– A empresa precisa do apoio da maioria simples dos seus credores para aprovar o plano de RJ em assembleia marcada para 19 de dezembro.
O que o plano prevê:
Conversão de até R$ 12 bilhões das dívidas bancárias em ações da companhia, o que tornará os credores em acionistas relevantes da Americanas;
Aporte de R$ 12 bilhões dos acionistas de referência Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles que considera os R$ 2 bilhões já financiados pelo trio;
Garantia junto aos bancos de uma linha de fianças ou seguros-garantia de R$ 1,5 bilhão;
R$ 2 bilhões para pagamento de credores financeiros via leilão reverso e R$ 6,7 bilhões para aqueles que optarem por receber antecipadamente, mas com forte desconto.
Ao final do processo, a Americanas sustenta que sua dívida bruta será de R$ 1,875 bilhão.
IPO DA SHEIN FICA MAIS PERTO
A Shein entrou com um pedido confidencial de IPO (oferta pública inicial de ações) nos EUA, segundo o Wall Street Journal. O jornal americano afirma que a oferta deve acontecer no ano que vem.
Em números: a varejista chinesa de fast fashion foi avaliada em cerca de US$ 66 bilhões (R$ 323 bilhões) em uma rodada de investimentos realizada em maio.
Para o IPO, ela deve buscar um patamar superior a esse, disse o WSJ.
Caso a estreia seja confirmada nesse preço, seria a maior de uma empresa chinesa nos EUA desde a turbulenta oferta da Didi Global, em 2021.
Na época, a “Uber chinesa” e dona da 99 aqui no Brasil foi avaliada em US$ 68,4 bilhões.
Ela deixou a Bolsa de Nova York 11 meses depois em meio a um cerco regulatório das autoridades chinesas às empresas de tecnologia do país.
A Shein, que mudou sua sede para Singapura em 2021, tem presença maior no Ocidente, sendo o mercado dos EUA o principal para a companhia.
Em agosto, ela comprou um terço do grupo Sparc Holdings, dono de marcas como Forever 21, Aéropostale e Reebok.
A varejista fechou o ano passado com US$ 22 bilhões (R$ 107 bilhões) em vendas globais e com um lucro líquido de US$ 800 milhões.
APROXIMA? GOLPE MIRA POSTO E SHOPPING
O grupo brasileiro criador do golpe que desvia os pagamentos feitos por aproximação mira principalmente lojas de shopping e postos de gasolina, segundo a empresa de cibersegurança Kaspersky.
Entenda: a fraude consiste em um malware (programa malicioso) que é capaz de bloquear pagamentos por aproximação, considerados como mais seguros.
O objetivo é forçar o consumidor a inserir o cartão na maquininha, para que então a fraude aconteça.
Para isso, os criminosos bloqueiam a comunicação da maquininha e exibem esta mensagem: “ERRO APROXIMACAO INSIRA O CARTAO.”
Antes disso, porém, eles enviam um falso representante de empresa de maquininhas para infectar o computador que é conectado ao aparelho de vendas.
Com os dados sigilosos do cartão do consumidor em mãos, os criminosos os utilizam para realizar outras transações.
Por que postos e lojas de shopping: são os estabelecimentos onde são feitas compras de maior valor e costumam não investir tanto em cibersegurança quanto grandes redes varejistas.
Como se proteger:
↳ Os clientes devem ficar atentos à mensagem de erro exibida pela máquina e optar por outra forma de pagamento se a aproximação não for possível.
↳ Os lojistas devem confirmar a identidade do profissional quando receber um contato da empresa credenciadora.
Quem está por trás: o grupo brasileiro Prilex, que também está envolvido nos golpes em caixas automáticos. Sua atuação é rastreada pelo menos desde 2014 e já chegou a América do Norte e Europa.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress