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Proposta de Trump corta orçamento da Nasa em 25%

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Confirmando os piores temores, a proposta de orçamento federal para 2026 apresentada nesta sexta-feira (2) pela Casa Branca propõe um corte de 50% nos recursos para ciência na Nasa. Pelas novas diretrizes, a agência espacial americana se dedicará como prioridade zero a “vencer a China na volta à Lua e em colocar o primeiro humano em Marte”.

“Ao alocar cerca de US$ 7 bilhões para exploração lunar e introduzir US$ 1 bilhão para novos investimentos em programas focados em Marte, o orçamento garante que os esforços de exploração espacial humana dos EUA sigam sem paralelos, inovadores e eficientes”, disse a administração de Donald Trump, em documento de divulgação que acompanhou a peça orçamentária.

Serão ao todo US$ 18,8 bilhões para a Nasa em 2026, uma queda de cerca de 25% com relação aos recursos disponíveis para a agência em 2025 (US$ 24,9 bilhões).

Os principais cortes, como previsto, vieram nos empreendimentos científicos da agência. O detalhamento dos cortes ainda não foi divulgado, mas cita “eliminar projetos de propulsão espacial fracassados” e programas “não necessários para a Nasa ou que são mais adequados a pesquisa e desenvolvimento do setor privado”.

Especificamente, o documento menciona o cancelamento da missão robótica de retorno de amostras de Marte. Nos últimos anos, o rover marciano Perseverance vem colhendo núcleos de rocha de interesse científico para eventual resgate e envio à Terra, o que seria feito por uma missão conjunta da Nasa e da ESA, a agência espacial europeia. A China tem um programa paralelo de retorno de amostras que está mais adiantado e deve ser lançado em 2028.

Reforma do programa Artemis

A peça também traz propostas que mudam de forma avassaladora o programa Artemis, com o qual os americanos pretendiam retornar à Lua com tripulação. O orçamento prevê o cancelamento do superfoguete SLS e da cápsula Orion, parte da arquitetura básica do programa, após três voos. Esses contemplariam as missões Artemis 2, que levará astronautas para uma volta ao redor da Lua em 2025, e Artemis 3, destinada a realizar o primeiro pouso tripulado do século 21, em 2027, com o uso do veículo Starship, da SpaceX, para o pouso.

“O orçamento financia um programa para substituir os voos do SLS e da Orion para a Lua com sistemas comerciais mais custo-efetivos que apoiariam missões lunares subsequentes mais ambiciosas”, diz o documento.

Na esteira desse cancelamento, o orçamento também acaba com o programa Gateway, plano de colaboração internacional com Europa, Japão, Canadá e Emirados Árabes Unidos para a construção de uma estação orbital lunar tripulada.

O orçamento também reduz os gastos com a Estação Espacial Internacional (ISS) para US$ 2,5 bilhões, um corte de US$ 500 milhões com relação a 2025. A ideia é ir reduzindo tamanho de tripulação e as pesquisas realizadas a bordo, preparando a desativação do complexo para 2030, a ser substituído por estações espaciais comerciais. Apesar de esse ser o plano da Nasa já há alguns anos, não há perspectiva no momento de que alguma estação comercial vá estar pronta até a aposentadoria da ISS.

Com isso, missões de tripulação e carga para o complexo orbital seriam reduzidas nos próximos anos.

Por fim, o orçamento acaba com os programas de educação da agência, conhecidos como Stem Engagement (Stem é a sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática). “A Nasa vai inspirar a próxima geração de exploradores por meio de missões espaciais ambiciosas e empolgantes, não ao subsidiar programação e pesquisa STEM woke que prioriza alguns grupos de estudantes sobre outros e têm impacto mínimo na força de trabalho aeroespacial”, diz o governo.

O cancelamento desses programas educacionais já encontrou resistência bipartidária no Congresso americano antes, mas não está claro se isso voltará a se repetir. Por sinal, a grande interrogação é o que os congressistas farão dessa proposta orçamentária. A definição dos recursos para a Nasa costuma ter grande participação do Congresso, que muitas vezes veio ao resgate de projetos após propostas de cortes feitas pelo Executivo.

Dentre as missões salvas anteriormente estão a New Horizons, sonda que visitou Plutão, e o Telescópio Espacial Hubble. Contudo, nada nessa escala avassaladora já chegou a ser proposto por qualquer administração anterior. Talvez os congressistas precisem acabar escolhendo entre o que salvar e o que deixar para trás.

SALVADOR NOGUEIRA / Folhapress

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