Protesto contra reforma judicial no maior aeroporto de Israel atrasa voos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A reforma do Judiciário em pauta em Israel foi causa de mais um dia de protestos no país. Nesta segunda-feira (3), o Aeroporto Internacional Ben Gurion foi palco de cenas caóticas após milhares de manifestantes irem até o local —37 deles foram presos.

Um aviso dos organizadores pedia aos manifestantes que chegassem ao terminal aéreo com malas e passaportes, sugerindo uma estratégia para contornar os agentes de segurança.

No fim da tarde, gritos de “democracia” faziam eco no saguão de desembarque, onde entrou uma multidão com megafones, tambores e bandeiras. Os manifestantes invadiram dois terminais do aeroporto e permaneceram ali por várias horas antes de a polícia dispersá-los.

Enquanto isso, do lado de fora, outros se aglomeravam nas ruas, formavam barricadas e causavam engarrafamento, segundo autoridades, enquanto agentes de segurança faziam um cordão para que os veículos passassem lentamente em uma das faixas. Policiais montados a cavalo foram mobilizados para fazer guarda.

No início do dia, os manifestantes já haviam fechado brevemente o acesso a um importante porto israelense. No aeroporto, embora os terminais não tenham sido bloqueados, a confusão atrasou voos por horas, segundo o jornal Times of Israel —o Ben Gurion transporta cerca de 90 mil passageiros por dia no mês de julho.

Em meio ao confronto, o ministro da Segurança Nacional, o extremista de direita Itamar Ben-Gvir, disse que qualquer tentativa de paralisação seria um “dano à segurança” israelense.

Policiais tentaram desencorajar os manifestantes argumentando que o bloqueio de vias poderia terminar em desastre em caso de emergência. Organizadores do protesto, porém, condicionaram a interrupção do ato a um recuo do premiê Binyamin Netanyahu no andamento da reforma judicial no país.

O projeto de lei que a coalizão mais à direita da história de Israel tenta aprovar altera o processo de nomeação dos juízes, dando mais poder à coalizão governista na escolha —o que, segundo críticos, removerá alguns contrapesos vitais que sustentam um Estado democrático. O grupo de Netanyahu, por sua vez, diz que a reforma é necessária para restaurar o equilíbrio entre o Judiciário e os políticos eleitos.

A iniciativa despertou protestos sem precedentes em Israel no começo do ano, que tiveram impactos econômicos. Após semanas de manifestações, o governo adiou o trâmite da reforma em março e tentou negociar com a oposição, mas o diálogo foi infrutífero. Agora, Netanyahu tenta passar outra versão do texto.

Em entrevista ao americano The Wall Street Journal publicada na semana passada, o premiê afirmou ter derrubado a regra que permitiria ao Parlamento anular decisões da Suprema Corte por maioria simples. Duramente criticada, essa cláusula havia sido aprovada em primeira votação, em março. Já o trecho que altera o processo de nomeação de juízes será alterado, mas não descartado.

“A forma de escolher juízes não será a atual, mas não será a estrutura original”, disse Bibi, como é conhecido. A oposição diz que, apesar das mudanças, o projeto de lei continua perigoso.

Os manifestantes já haviam se reunido em Ben Gurion em março, quando tentaram interromper uma visita de Estado do secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e impedir uma viagem oficial de Netanyahu à Itália. Austin acabou encurtando sua visita, enquanto o premiê voou a Roma depois de chegar ao aeroporto de helicóptero.

“A mobilização realmente mostrou que não podem fazer o que querem, não tão facilmente”, disse Smadar Bonne, 46, à AFP nesta segunda.

Redação / Folhapress

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