SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A deputada federal Tabata Amaral teve sua candidatura oficializada neste sábado (27) pelo PSB, durante convenção do partido, que adiou a definição sobre quem será seu vice na chapa.
Essa decisão foi postergada, dando poderes à direção executiva municipal do partido para decidir o companheiro de chapa até 15 de agosto.
Sem nenhuma aliança com outra legenda firmada, a saída mais provável é optar por um quadro do PSB, o que resultará em chapa do tipo puro-sangue.
“A gente ainda tem tempo para fazer essa definição [sobre o vice]. Hoje é o dia de apresentar a minha candidatura, dos nossos candidatos a vereadores, não estamos preocupados com esse assunto. Em breve vamos trazer uma definição”, disse Tabata, em entrevista coletiva após o evento.
A principal expectativa de Tabata e seu entorno é que uma mudança de rota no PSDB, que poderia ocorrer a partir de uma eventual desistência de Datena, leve os tucanos a optarem por uma coligação com ela, como se previa antes. O apresentador já ensaiou concorrer quatro vezes e sempre recuou.
Datena migrou do PSB para o PSDB em abril, numa operação avalizada pela pré-candidata, no intuito de ser oferecido como vice. Tabata considerou que os tucanos descumpriram o acordo ao lançarem o jornalista candidato a prefeito e chegou a usar, em conversas privadas, o termo traição.
Tanto Tabata quanto os principais nomes do PSB presentes ao evento, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Empreendedorismo Márcio França, preferiram não opinar sobre a confusão que aconteceu na convenção do PSDB entre Datena e apoiadores do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
“Não cabe a nós comentar questões internas de outro partido. Vou puxar sardinha, o PSB está aqui em peso. A nossa força e a nossa união ficaram claras aqui hoje “, disse a pessebista.
França, por sua vez, afirmou que “em festa de tucano as pombinhas não piam”, fazendo referência aos símbolos do PSB e PSDB, a pomba e o tucano, respectivamente. Alckmin também não deu corda para a polêmica, ao dizer respeitar o PSDB e Datena.
O grupo da deputada acredita que acabou o clima para uma composição com Datena, mas mantém o interesse numa parceria com o PSDB, o que poderia render a ela alguns segundos a mais de tempo na propaganda gratuita de TV e rádio e a musculatura de um partido que já administrou a capital.
A candidatura de Tabata e de 56 candidatos à vereador foi assinada nos bastidores de evento na quadra da escola de samba Rosas de Ouro, na zona norte de São Paulo.
Em seu discurso, Tabata exaltou a origem periférica, de filha de diarista com um cobrador de ônibus, e fez críticas à atual gestão, de Ricardo Nunes, sem citá-lo nominalmente.
“Em vez de um prefeito covarde que se omite, São Paulo vai ter uma prefeita que lidera”, afirmou.
Com o prefeito do Recife (PE) e namorado João Campos no palco, homenageou o pai dele, Eduardo Campos, ex-governador pernambucano que morreu em acidente aéreo durante as eleições presidenciais de 2014.
Tabata também voltou a criticar a polarização. “É difícil imaginar essa São Paulo que avança unida por um sonho coletivo quando você enxerga uma cidade dividida, uma cidade partida entre esquerda e direita, centro e periferia, ricos e pobres. Mas eu garanto a vocês: a realidade é muito mais complexa e muito mais interessante do que as cartilhas ideológicas”.
No palco, estavam Alckmin, França, e sua esposa, Lúcia, e o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, entre outros.
Alckmin fez um discurso nacionalizado, afirmando que Tabata está do lado dos que defendem a democracia, a ciência, a educação; do outro lado, disse, está o negacionismo, os que defendem a ditadura e as armas.
“Nós vivemos hoje no Brasil uma política polarizada. De um lado, quem acredita na democracia, no voto. O Mario Covas dizia: o povo erra menos que as elites. E aqueles que gostam da ditadura, que querem tirar o direito sagrado do eleitor votar”, disse.
Ao citar o trabalho de Tabata com a educação, Alckmin criticou uma das principais bandeiras bolsonaristas, o homeschooling (ensino em casa), que chamou de proposta “racista” que surgiu nos Estados Unidos para que brancos não tivessem que estudar com negros.
João Campos, em seu discurso, bateu na tecla contra a polarização que é lema da candidatura de Tabata, ao afirmar que é preciso alguém que una São Paulo.
Aos 30 anos, exaltou a juventude na política. “Quem tem que tomar conta do Brasil e das grandes cidades são as ideias jovens”, disse.
Já o ministro Márcio França disparou contra o prefeito Ricardo Nunes. “Ele é um prefeito envergonhado, dá a impressão que está com vergonha de ser prefeito. Ele tem medo de ser prefeito”, afirmou. ” O Ricardo ‘nules’ não irá para o segundo turno”.
ARTUR RODRIGUES / Folhapress