PT volta a eleger prefeito em capital após 8 anos, com vitória em Fortaleza

SÃO PAULO, SP, E SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – O PT voltará a ter prefeito em uma capital brasileira em 2025 após quase sete anos. O partido, que não havia conquistado capitais em 2020, estará a frente da Prefeitura de Fortaleza.

A última vitória do partido do presidente Lula em uma das 26 capitais tinha sido em Rio Branco, com Marcos Alexandre, na eleição de 2016. Ele renunciou ao cargo em 2018 para concorrer ao governo naquele ano.

O PT estava no segundo turno em quatro capitais –Fortaleza (CE), Natal (RN), Cuiabá (MT) e Porto Alegre (RS)– e eu outras nove cidades.

O pleito deste ano representa também o retorno do PT às prefeituras de Pelotas (RS), Camaçari (BA) e Mauá (SP). O partido perdeu em Diadema e Sumaré, em São Paulo, em Olinda (PE), Santa Maria (RS), Caucaia (CE) e Anápolis (GO).

O segundo turno em Camaçari, na Grande Salvador, foi além dos limites do município, levando à cidade líderes petistas e do União Brasil, partido do atual prefeito de Antônio Elinaldo e do candidato derrotado Flávio Matos.

A vitória de Luiz Caetano, que já foi prefeito de Camaçari por três mandatos, foi apertada. Ele recebeu 50,92% dos votos válidos.

Em Pelotas, o petista Fernando Marconi, que já havia governado a cidade entre 2001 e 2005, também foi eleito por uma margem estreita de votos validos. Ele terminou o segundo turno com 50,36%. Marciano Perondi (PL), seu adversário, teve 49,64%.

Em 2025 o PT também seguirá no comando de Mauá, onde o prefeito Marcelo Oliveira foi reeleito com 54,15% dos votos válidos. Ele derrotou o ex-prefeito Átila Jacomussi (União Brasil) e quebrou um tabu na política mauaense: apenas um prefeito na história da cidade havia sido reeleito, o também petista Oswaldo Dias, em 2000.

No primeiro turno neste ano, o PT elegeu 248 prefeitos, em uma recuperação em relação a 2020, mas ainda distante das mais de 600 conquistadas em 2012, no auge da popularidade do partido na Presidência de Dilma Rousseff.

A disputa em Fortaleza neste ano reproduziu a polarização nacional entre o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O deputado estadual Evandro Leitão (PT) derrotou o deputado federal bolsonarista André Fernandes (PL) em um segundo turno marcado por trocas de ofensas e acusações na reta final. O quadro seguiu indefinido até as vésperas da votação, com as pesquisas mostrando os dois candidatos empatados.

O petista recebeu 50,38% dos votos válidos. O bolsonarista teve 49,62%.

Na quarta (23), Evandro Leitão foi ameaçado pelo vereador reeleito Inspetor Alberto (PL), que publicou um vídeo no qual xinga e ameaça o petista. “Leitão filha da puta, tu vai para a churrasqueira. Prepara o seu caixão, vagabundo”, diz o vereador na publicação, que depois foi apagada.

Fernandes terminou o primeiro turno com seis pontos a frente de Leitão, deixando para trás o atual prefeito, José Sarto (PDT), que se manteve neutro no segundo turno. Uma ala do PDT, porém, declarou apoio ao candidato do PL.

Apesar do alinhamento ao bolsonarismo, Fernandes manteve Bolsonaro fora de suas peças de propaganda e chegou a ser acusado de esconder o correligionário mais proeminente devido à rejeição dos cearenses ao ex-presidente.

Na sexta (25), o candidato fez campanha com o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), principal cabo eleitoral deste ano entre as candidaturas do campo da direita.

Além de colocar o PT de volta ao comando de uma capital, a vitória de Leitão dá alguma esperança ao partido, que via a disputa no Ceará como um ensaio para 2026. Fortaleza é administrada pelo campo político da esquerda desde 2005.

Em Cuiabá, a improvável aliança entre a esquerda e expoentes do agronegócio mato-grossense não foi suficiente para eleger o deputado estadual Lúdio Cabral, que perdeu para o deputado federal bolsonarista Abílio Brunini (PL).

A vice de Lúdio, Rafaela Fávaro (PSD), é filha do ministro Carlos Fávaro (PSD), da Agricultura, composição que ajudou o petista junto ao eleitor alinhado ao centro e ao agronegócio, principal força econômica do Mato Grosso.

Lúdio e Abílio mantiveram suas campanhas longe do debate nacional e não tiveram os principais nomes de seus partidos –Lula e Bolsonaro– como fiadores ou puxadores de votos. Para a campanha petista, quem apareceu foi o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Abílio teve 53,8% dos votos válidos. Lúdio Cabral recebeu 46,2%.

Entre os petistas que foram para o segundo turno, a derrota mais previsível era a da deputada federal Maria do Rosário, em Porto Alegre.

O prefeito Sebastião Melo (MDB) concorreu apoiado por uma ampla aliança de partidos no espectro da direita e ao centro. Sua vice é a tenente-coronel e médica veterinária Betina Worm, do PL, partido do ex-presidente Bolsonaro, que não chegou a se envolver na campanha.

A liderança do atual prefeito chegou a ser abalada pelas enchentes que deixaram um rastro de destruição por todo o estado do Rio Grande do Sul e manteve parte de Porto Alegre sob água e lama, em maio.

Em Natal (RN), a petista Natália Bonavides foi derrotada pelo deputado federal bolsonarista Paulinho Freire (União Brasil).

Lula esteve na capital potiguar para fazer campanha no segundo turno. Em Natal, a imagem do presidente e o apoio dele foram explorados durante toda a campanha.

A avaliação do PT era de que apesar do segundo lugar no primeiro turno, Natália vinha crescendo. Ela teve também o apoio da governadora Fátima Bezerra (PT). Em 2022, ela foi a deputada federal mais votada do Rio Grande do Norte.

Paulinho Freire teve Bolsonaro no lançamento de sua campanha, em agosto, e deu destaque a pautas econômicas. Ele foi eleito com 55,34% dos votos válidos. Natália teve 44,66%.

FERNANDA BRIGATTI E JOÃO PEDRO PITOMBO / Folhapress

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