Público 30+ movimenta baladas que atraem pelo conforto e som millennial em São Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um tópico das últimas semanas na rede social Reddit ecoa uma pergunta recorrente nos últimos anos: “A vida noturna está morrendo?”. O alto custo da capital paulistana e os hábitos da geração Z, afeita a outros tipos de entretenimento, são parte da resposta.

Mas nem por isso São Paulo deixa de atender quem gosta de dançar no escuro da pista. Entre as opções que resistem, há festas e boates frequentadas por um grupo que tinha a balada como uma diversão semanal fixa -e que já ultrapassa a faixa dos 30 anos.

Ativa na vida noturna, a geração millennial, nascida entre os anos 1980 e 1996, busca opções com características específicas, que passam por música de décadas anteriores tocada por DJs conhecidos e uma boa dose de conforto. Não importa muito se isso custa um pouco a mais.

Esse é o cenário visto, por exemplo, em endereços como Club Jerome, Kia Ora e Complexo DJ Club. “Para pessoas mais novas, o dinheiro impacta muito. Um real a mais no valor da cerveja pode inviabilizar o rolê da galera”, diz Cesinha Ranieri, 50, sócio do Kia Ora, balada conhecida pelas noites de rock no Itaim Bibi.

O público que ele recebe costuma ter maior poder aquisitivo e, por isso, exige mais qualidade das bebidas e comidas que consome, afirma o empresário.

Mas há outros fatores na jogada. Luciane Coltro, 40, sente-se incomodada em ir a um lugar muito agitado. “Quando a gente é mais novo, gosta mais de bagunça. Hoje, não, eu procuro um ambiente mais tranquilo”, conta.

Isso significa ter espaço para dançar e ouvir música tranquilamente. Mas também, se possível, com lugar para sentar. “O público acima de 30 respeita o seu quadrado, digamos assim”, destaca Coltro.

Para Rafael Stan Molina, 43, um dos sócios do bar e balada Garagem Beleza, as pessoas que curtem o cenário de festas e casas noturnas tendem a diminuir a frequência de saídas depois de uma certa idade. “É diferente de uma roda de samba, em que o público continua frequentando”, afirma.

Pensando nisso, ele decidiu abrir, na garagem da própria casa, um espaço para receber festas e pequenos shows de música alternativa. “Montamos um lugar onde nós mesmos gostaríamos de ir, um espaço que seja convidativo para um público que já não é mais ‘garotada’ e quer seguir tendo uma vida cultural”, relembra.

Essa relação com a música também pode fidelizar o público. O empresário Cacá Ribeiro, 62, clubber nos anos 1990 que comanda a Yacht e a Lions, queria ter uma balada voltada à música eletrônica. Em 2016, abriu o Club Jerome.

A casa tem festas conduzidas por DJs que fizeram história na cena eletrônica -na lista, estão Glaucia ++ e Mau Mau, que levaram ao Jerome um público cativo.

“Por esse perfil de quem toca nas festas, a gente acabou atraindo um público não principiante da música eletrônica, que é mais fiel”, aponta Pedro Paulo Reinholz, 35, DJ e sócio da balada.

Na lista a seguir, conheça lugares fixos e festas itinerantes que atendem baladeiros 30+.

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CARACOL

Em novo endereço na Barra Funda, tem, no primeiro andar, discotecagem (com sugestão de couvert artístico de R$ 15) e mesas para quem quer aproveitar o cardápio de comidas. Entre as opções, há o sanduíche de porco (R$ 49). A pista de dança agora fica no segundo piso e recebe festas a partir de R$ 20. O público varia de acordo com o evento, mas a geração com mais de 30 anos marca presença às quartas, quintas e domingos. De bebidas, há drinques autorais como o Bramble (R$ 39) e cerveja Becks (R$ 16). Nos som, as músicas incluem disco e house.

R. Boracéa, 160, Barra Funda, região central.

Qua. e qui., das 19h à 1h. Sex., das 19h às 5h. Sáb., das 13h às 5h. Dom., das 13h às 22h.

A partir de R$ 15. @caracolbar

CLUBE DOS 30

Produzida por Junior Passini e Felipe Barroso, a festa itinerante surgiu com a proposta de tocar músicas que eram hits nas rádios nos anos 1980, 1990 e 2000. O público frequenta na intenção de ouvir as canções que marcaram momentos importantes da vida, em uma playlist que vai de Madonna a Kid Abelha. A próxima edição acontece neste sábado (9) no Edifício Martinelli e começa à tarde. Os ingressos online já esgotaram, mas haverá venda de um pequeno lote na porta do evento.

Edifício Martinelli – r. São Bento, 405, Centro Histórico, região central.

Sábado (9), das 15h às 22h.

De R$ 70 a R$ 150. @clubedos30.sp

CUB JEROME

Toca música eletrônica de estilos diferentes, como house. Às quartas, recebe a festa Toilette e, às sextas, a Meow. Nos outros dias, os DJs residentes se alternam. No cardápio, as long necks de Heineken custam R$ 19. Os drinques clássicos e autorais são R$ 48. O valor da entrada varia de acordo com o horário de chegada e se o nome está na lista de convidados.

R. Mato Grosso, 398, Consolação, região central, tel. (11) 2614-6526.

Qua. a sáb., das 23h às 5h.

De R$ 30 a R$ 70. @club.jerome

COMPLEXO DJ CLUB

Aberto em 2000 na região dos Jardins, fechou na pandemia. Ocupa desde 2023 uma casa tombada de 1890 em Campos Elíseos. Há 3 pistas de dança, uma com palco para bandas ao vivo. Às sextas, toca clássicos do rock, pop e new wave. Aos sábados, indie rock. No menu, há lanches a partir de R$ 38 e pizzas por R$ 43. De bebidas, há cervejas, caipirinhas (R$ 28) e doses de destilados (R$ 15).

Al. Glete, 562, Campos Elíseos, região central.

Sex. e sáb., das 23h às 6h.

Ingr.: de R$ 30 a R$ 70. @djclubbar

EPHIGENIA

Aberto neste ano, ocupa o 22º e 23º andares do edifício Fernão Dias. A pista é cercada de janelas de vidro, o que oferece uma visão panorâmica do Centro de São Paulo. Como recebe eventos de estilos musicais diferentes, atrai público variado, que vai dos 25 aos 40 anos. Às sextas, no entanto, é dia de música eletrônica e o ambiente conta majoritariamente com frequentadores da geração millennial. A gim-tônica sai por R$ 34 e o drinque autoral, com vodca, por R$ 40.

Viaduto Santa Ifigênia, 66, Santa Ifigênia, região central.

Sex., das 23h às 6h. Sáb., das 22h às 5h. Dom., das 15h às 22h.

Ingr.: a partir de R$ 40. @ephigeniasp

GAMBIARRA

Surgiu em 2008, aos domingos, para ser o ponto de encontro de atores que encerravam a última peça do final de semana. A partir de então, tornou-se um evento para membros da classe artística -quem tem DRT, registro profissional da área, ganha desconto na entrada. Não à toa, a discotecagem já foi comandada por famosos como Camila Morgado. As músicas brasileiras regem a festa. Além da edição aos domingos, que segue no Open Bar Club, o evento também marca presença no Hotel Cambridge a cada quinze dias. No bar, cervejas em lata custam a partir de R$ 12 e caipirinhas saem por R$ 28. Aos domingos, há opções de comes.

Open Bar Club – r. Henrique Schaumann, 794, Pinheiros, região oeste.

Todos os domingos, das 22h às 5h30

Club Hotel Cambridge – r. Álvaro de Carvalho, 35, Centro Histórico, região central.

Sábados a cada 15 dias, das 23h às 5h30.

Ingr.: a partir de R$ 30. @gambiarraafesta

GARAGEM BELEZA

Em junho de 2023, dois amigos que moravam juntos decidiram abrir a garagem de casa para festas e eventos de música experimental. O local era antes um salão de beleza, daí o nome adotado por Stan e seu sócio Filipe Giraknob. Dentro do local, o clima é de balada; na calçada, de bar. Na carta de bebidas, há cerveja Heineken (R$ 12) e drinques por R$ 25, como caipirinha e rabo de galo. Além de festas e pequenos shows, também é loja de discos e recebe mostras de cinema, artes visuais e poesia.

Av. Prof. Alfonso Bovero, 725, Perdizes, região oeste.

Sex. e sáb., das 20h à 1h. @belezagaragem

HEAVY HOUSE

A balada tem aqueles que estão entrando na quarta década de vida como frequentadores.

Nas pick-ups, a música eletrônica é protagonista, às vezes até mesmo com DJs estrangeiros como convidados, mas outros ritmos também têm espaço. No bar, a carta de drinques, assinada por Juliana Portella, conta com opções a partir de R$ 42. Entre as cervejas, a Amstel sai por R$ 16.

R. Benjamim Egas, 297, Pinheiros, região oeste.

Qua. a sex., das 19h a 1h. Sab, das 17h a 1h. Dom., das 14h a 0h. @heavyhouse_

KIA ORA

O nome significa ‘oi’ no idioma maori e já indica que a inspiração do bar vem de terras neozelandesas. Há 20 anos no Itaim Bibi, o pub também é conhecido pelas noites de rock no fim de semana. Recentemente, adotou as quartas de jazz e festas mensais de música disco ou de reggaeton. No cardápio, há porções e lanches a partir de R$ 28. Drinques como negroni e fitzgerald saem por R$ 39 e a long neck de Heineken, por R$ 17.

R. Dr. Eduardo de Souza Aranha, 377, Itaim Bibi, região sul, tel. (11) 98416-0330.

Ter. e qua., das 18h às 1h30. Qui. das 18h às 2h30. Sex. das 18h às 3h. Sáb., das 19h às 3h.

Valores de entrada variam por dia e horário de chegada, de grátis a R$ 30 sem consumação. @kiaorabar

MUSICALIANDO

Festa tradicional de black, traz músicas das mais antigas às atuais. Acontece desde a década de 1980 ao menos cinco vezes por ano. Na pista, um grupo ensina a dançar o passinho, que acompanha ritmos do samba rock às melodias mais românticas. Atrai frequentadores fiéis desde o início e outros públicos. A próxima edição acontece em dezembro e será a última do ano.

Casa de Portugal – av. da Liberdade, 602, Liberdade, região central.

Sáb. (7 de dezembro), das 21h às 5h.

A partir de R$ 40 em clubedoingresso.com ou pontos de venda espalhados pela cidade. @equipemusicaliando

PROCISSÃO

Começou como uma ocupação das ruas, depois que um grupo de amigos levou um aniversário para o espaço público. O encontro virou festa itinerante, que ganhou o nome de uma música de Gilberto Gil. Comandada pelos DJs Caue Y e Luiz Franco, a pista é embalada por brasilidades, que inclui desde sons do tropicalismo -que marcaram a adolescência dos frequentadores- até hits dançantes mais recentes, de nomes como Curumin e Luedji Luna. Realizada cerca de duas vezes ao mês, acontece em edições noturnas, pagas, e diurnas, gratuitas.

Lola Bar – r. Brigadeiro Galvão, 469, Barra Funda, região oeste. Sáb. (16), das 16h às 22h. Grátis

Cama de Gato – R. Amaral Gurgel, 453, Vila Buarque, região central. Sáb (16), das 22h às 5h. Grátis.

SANTO FORTE

Criada há 18 anos pelo DJ e pesquisador musical Tutu Moraes, a festa se consolidou como uma balada de música brasileira e fidelizou o público, que a frequentava no início e continua firme na pista até as edições atuais. Das pick-ups, saem hits de Chico Buarque, Caetano Veloso e Clara Nunes até o amanhecer. Depois de passar por casas em Pinheiros e Vila Madalena, a Santo Forte ocupa outros endereços na região central da capital, como o Cineclube Cortina e o Ephigenia.

Ephigenia – viaduto Santa Ifigênia, 66, Santa Ifigênia, região central. Sáb. (9), das 22h às 5h. R$ 60 em Sympla

Cineclube Cortina – r. Araújo, 62, República, região central. Sex. (29), das 22h às 5h. A partir de R$ 30 em Sympla. @stofortebrasil

BÁRBARA GIOVANI / Folhapress

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