Qual é o legado que James Rodríguez deixou no São Paulo

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O que era pra ser uma contratação histórica, um case de sucesso mundial, se tornou novela no São Paulo. A frase que se tornou tema da contratação de James Rodríguez -“Coisas incríveis acontecem aqui”- demonstrava o tamanho da expectativa do time tricolor em cima do colombiano, mas o casamento não foi feliz.

Mesmo com pouca contribuição dentro de campos, o presidente Julio Casares é enfático ao dizer que a contratação de James Rodríguez trouxe os benefícios que o clube queria. Mas quais são eles?

O colombiano é visto internamente como um jogador global que extrapola a bolha do futebol. Esse tamanho fora das quatro linhas trouxe ao São Paulo entrada e visibilidade em áreas que não teria de outra forma.

O vídeo de apresentação da contratação do meia rendeu 21 milhões de visualizações no Instagram. James tem mais de 50 milhões de seguidores, quase dez vezes o número do clube paulista na rede social.

O São Paulo avalia que James possibilitou acordos comerciais maiores. O São Paulo acredita que não teria fechado alguns dos recentes contratos que fechou sem a visibilidade que o meia trouxe.

Desde a chegada de James, o São Paulo: 1. assinou o naming rights do MorumBIS; 2. fez acordo com a Live Nation para shows no estádio; 3. trocou o patrocinador máster para a Superbet; 4. trocou o fornecedor de material esportivo para a New Balance (que também patrocina o jogador).

O Tricolor também vê a chegada de James como responsável direta pela contratação de Lucas. Ainda na Colômbia, antes de vir ao Brasil, James já enviava mensagens e ligava para Lucas para dizer que agora só faltava ele acertar.

A contratação do colombiano também é vista internamente como decisiva para a vitória na semifinal da Copa do Brasil (mesmo sem entrar em campo). A chegada de James, e o posterior acerto com Lucas, elevou o moral interno no vestiário e fez com que o time acreditasse que, com aqueles reforços, o time só poderia brigar por títulos.

E NO CAMPO?

“Parece que o James não entendeu o que é o São Paulo, e o São Paulo também não entendeu o James”. A frase era dita em voz baixa pelos corredores do MorumBIS entre uma polêmica e outra. O meia parecia querer um esquema montado para ele, enquanto o São Paulo queria que ele se encaixasse no esquema do time. E se adequar ao modo de jogo do Tricolor exigia de James uma intensidade que ele nunca teve na carreira.

O São Paulo via a necessidade de James se adaptar ao clube, mas o que o time tricolor queria do meia ele não conseguiu dar. Dorival Jr, Thiago Carpini e Luis Zubeldía passaram pelo comando técnico do São Paulo e James não deslanchou com nenhum deles.

Foram 22 jogos de James Rodríguez com a camisa do São Paulo: dois gols e quatro assistências.

Ele iniciou a pré-temporada de 2024 constantemente em “controle de carga” até que decidiu sair do São Paulo pouco depois de se recusar a viajar com o time para Belo Horizonte na final da Supercopa.

James se arrependeu, pediu desculpas ao grupo e pediu à diretoria para ficar. Ele foi reintegrado, fez alguns jogos, marcou gol, deu assistência, mas voltou a se lesionar.

Com a chegada de Zubeldía, ele deixou de ser relacionado por opção do treinador. Se Carpini era entuasiasta de ter o colombiano como um camisa 10, Zubeldía não via com bons olhos um atleta de pouca intensidade no seu time.

E A PARTE FINANCEIRA?

O São Paulo gasta cerca de R$ 1 milhão mensal com o salário de James e mais quase R$ 500 mil desde janeiro com luvas por assinatura. O acordo feito para receber as luvas só a partir de janeiro foi visto internamente como mágico

No fim, cada participação em gol do colombiano custou perto dos R$ 2 milhões: foram dois gols e quatro assistências. O total gasto entre salários e luvas do meia até aqui fica na casa dos R$ 12 milhões.

JAMES CHEGOU A ENCANTAR NOS TREINOS

A chegada do colombiano foi cercada de expectativa e essa foi confirmada nos treinos. Quem via as atividades de James no CT da Barra Funda se encantava e alguns chegavam a apostar nele para o prêmio de craque do Paulista do ano seguinte.

A visão de jogo demonstrada por James encantava e o seu toque refinado na bola trazia um sentimento de que se ele conseguisse repetir o desempenho no campo de jogo, “ninguém segura o São Paulo”.

A falta de intensidade, porém, fez o jogador ficar mais no banco de reservas do que em campo, seja com Dorival, Carpini ou Zubeldía.

“Falei com ele (James) outro dia, veio conversar comigo, estava muito aborrecido. Ele falou: ‘Poxa, Muricy, sou um jogador raiz’, e eu disse que sabia. Falei que a gente adora ver ele treinar, e outro dia ele treinou bem de novo. Sempre dou os parabéns para ele, porque é gostoso ver o que ele faz. […] O Dorival chamou ele (James) e eu estava junto na mesa para falar da intensidade dele, e teve uma hora que falei: ‘Dorival, posso dar uma opinião? O James nunca vai se transformar em um cara físico’. Ele nunca foi um jogador assim, nunca vai ser um superatleta. Não vai procurar no James uma intensidade”, conta Muricy Ramalho.

O QUE PENSAM OS JOGADORES

“O James é um jogador que dispensa comentários pela carreira que ele fez. Óbvio que no São Paulo não é o que ele esperava, não é o que o torcedor esperava. Mas ele ainda é jogador nosso, tá treinando todo dia, mas é uma situação do clube, do treinador, dele próprio? não cabe aos jogadores falar. Enquanto ele for jogador do São Paulo a gente vai apoiar e vamos ver o que acontece nos próximos passos”, afirma Lucas.

“É um cara que dia a dia aqui se entrega no máximo, a gente aprende muita coisa com ele, além de ser uma excelente pessoa, seja o que ele vai fazer com a sua vida no futebol, se é aqui ou fora, que seja o melhor. Por agora é nosso companheiro e vai seguir assim até que se define onde vai e se fica”, diz Ferraresi.

EDER TRASKINI / Folhapress

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