BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) – Dorival Júnior tem diante de si uma dobradinha de jogos que encorpou o clima para a saída de Fernando Diniz da seleção: Colômbia e Argentina.
No discurso, o chefe dele o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues repete a cada data Fifa: “Queremos duas vitórias.”
Mas até que ponto essa pressão é efetiva e real sobre o treinador e o futuro?
O trabalho do treinador não é unanimidade e passa por questionamentos na CBF. A pressão é real. Nas manifestações recentes, Ednaldo não prometeu um trabalho de longo prazo. Mas espera evolução.
A questão é se essa evolução virá contra os colombianos, nesta quinta-feira (20), em Brasília, e, sobretudo, diante dos argentinos, em Buenos Aires.
No primeiro jogo, um adversário que deu trabalho ao Brasil na Copa América (empate por 1 a 1). No segundo, apesar da ausência de Messi, a atual campeã do mundo chega cheia de confiança. E, dependendo dos resultados da rodada, poderá se classificar à Copa do Mundo diante do Brasil.
Se as duas vitórias desejadas por Ednaldo não vierem?
“Só posso falar depois. Eu acredito que teremos duas vitórias. Só posso pensar assim. Nenhum brasileiro vai ficar contente com empate. Como torcedor, só posso esperar duas vitórias”, disse o presidente da CBF, após a convocação.
À época, ainda havia a expectativa de contar com Neymar. Agora, o craque foi cortado. A responsabilidade de Dorival é fazer emplacar um time com três destaques de Real Madrid e Barcelona (Vini Jr, Rodrygo e Raphinha), mas que precisa ainda de coesão coletiva.
O jogo contra a Argentina, inclusive, será o primeiro ato após a reeleição de Ednaldo na CBF. No pleito de segunda-feira, ele será candidato único.
Uma esperança de longevidade para Dorival vem da seleção sub-20. Ramon Menezes é um exemplo de resistência no cargo. No hiato entre os títulos do Sul-Americano de 2023 e 2025, ele teve campanhas frustradas no Mundial e, sobretudo, no Pré-Olímpico. Mas não foi demitido.
MELHORA É SUFICIENTE?
Na tabela das Eliminatórias, o Brasil até melhorou com Dorival Júnior, na comparação com Fernando Diniz.
Mas precisa de mais um salto para ficar nas cabeças e ter uma vida mais tranquila rumo à classificação à Copa embora a diferença para a Venezuela, primeira seleção após a zona de repescagem, seja de seis pontos, faltando seis rodadas para acabar.
No momento, a dobradinha de vitórias nas rodadas das Eliminatórias só veio quando o Brasil enfrentou as seleções que nesta quinta-feira (20) estão fora do top 6: ainda com Diniz, bateu Bolívia e Peru. Com Dorival, ganhou de Chile e Peru.
No mais, oscilações que atormentam o treinador e não o deixam ter tranquilidade no cargo.
“Desde o momento que nós assumimos, é natural que o desafio seja um desafio grande. Eu avalio o último ano que nós tivemos, foram 14 jogos, dentro desses 14 jogos não tivemos assim momentos em que fomos inferiores aos nossos adversários. Ah, mas também não fomos superiores ao extremo. Estamos vivenciando momentos de mudança internamento na seleção, contando com um grupo que está se fortalecendo internamente. As últimas três datas Fifa foram importantes e houve evolução de rodada a rodada. Não tivemos o que esperávamos, que era um resultado positivo, senão ao contrário estaríamos em segundo lugar. Eu estaria tão preocupado como estou nesta quinta-feira (20), buscando correções, para que os próximos resultados sejam alcançados”, disse Dorival.
Se tudo der errado nos dois próximos jogos, o Brasil só terá chance de mudar a imagem em junho. A questão é se Ednaldo terá paciência suficiente até lá para sustentar um trabalho que não empolga.
IGOR SIQUEIRA / Folhapress