Quase metade das munições que Israel lançou em Gaza não tinha poder de precisão, diz CNN

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quase metade das munições que o Exército de Israel usou na Faixa de Gaza desde o início da atual campanha aérea não era guiada, afirma a emissora americana CNN nesta quinta-feira (14). Por ter menos precisão, esse tipo de bomba representa uma ameaça maior aos civis.

A informação é atribuída a um relatório da Diretoria de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, que teria sido visto por três pessoas ouvidas pela TV em condição de anonimato. O documento indica que, das 29 mil bombas lançadas por Tel Aviv, 40% a 45% seriam desse tipo, sustentam elas.

Consultado pela CNN, um porta-voz do Exército de Israel, Nir Dinar, disse que não fala sobre os tipos de munição utilizados na guerra.

Em pouco mais de dois meses, o conflito no denso território palestino, onde moram 2,2 milhões de pessoas, matou mais de 18 mil e feriu pelo menos 50 mil, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. A guerra teve início no dia 7 de outubro, quando a facção terrorista atacou o sul de Israel e fez 1.200 vítimas.

Desde então, chegam do território relatos de prédios residenciais, hospitais e ambulâncias atingidos, além de cenas de crianças gravemente feridas sendo atendidas no chão dos centros de saúde -em sua maioria, colapsados após as restrições de combustível, suprimentos e água impostos por Tel Aviv.

Israel alega que toma medidas para proteger os civis. Na quarta-feira (13), por exemplo, a major israelense Keren Hajioff afirmou que o Exército está comprometido com o direito internacional e com um código de conduta moral. “Estamos dedicando vastos recursos para minimizar os danos aos civis que o Hamas forçou a desempenhar o papel de escudos humanos. A nossa guerra é contra o Hamas, não contra o povo de Gaza”, afirmou.

“Estou extremamente surpreso e preocupado”, afirmou à CNN Brian Castner, conselheiro sênior da Anistia Internacional e pesquisador de armas no Evidence Lab. “É ruim o suficiente usar armas quando elas estão atingindo seus alvos de forma precisa. É um problema enorme para os civis se elas não tiverem essa precisão e se você nem ao menos pode dar o benefício da dúvida de que a arma está realmente atingindo o local que as forças israelenses pretendiam.”

A notícia foi divulgada dois dias depois de o presidente americano, Joe Biden, criticar duramente o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e dizer que ataques indiscriminados contra Gaza dificultam o apoio ao país. A fala foi um gesto de ruptura com a abordagem que a Casa Branca vinha adotando em relação ao seu principal aliado no Oriente Médio desde a eclosão da guerra.

“Esse é o governo mais conservador da história de Israel”, disse Biden em um evento de arrecadação de fundos para a campanha presidencial do próximo ano, complementando que a atual gestão do país não quer uma solução de dois Estados –proposta apoiada por Washington.

Diante da enorme quantidade de mortos, os EUA têm tido dificuldades para justificar seus vetos a propostas de cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU desde o início do conflito e seguir blindado o aliado histórico.

O ajuste de rota, porém, decorre não só das críticas da comunidade internacional, mas também de críticas internas. A opinião pública americana, que inicialmente se colocou fortemente ao lado de Israel, também passou a ver o conflito de modo mais crítico, mostram pesquisas de opinião.

Uma pessoa familiarizada com o assunto falou à CNN que os EUA forneceram a Israel 5.000 bombas Mark 82, não guiadas. O país norte-americano, porém, também teria disponibilizado um sistema que transforma esses armamentos em munições “inteligentes”, segundo o mesmo entrevistado.

Redação / Folhapress

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