Queda hormonal na menopausa favorece surgimento de osteoporose

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A osteoporose é uma doença que provoca 200 mil mortes por ano no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Mulheres são mais suscetíveis à doença devido a alterações hormonais que acontecem no climatério. Entenda a relação entre osteoporose e menopausa.

O QUE É OSTEOPOROSE

Segundo Elaine de Azevedo, coordenadora da Comissão Científica de Osteoporose e Doenças Osteometabolicas da (SRB) Sociedade Brasileira de Reumatologia, a osteoporose é uma doença que causa uma fragilidade nos ossos e aumenta os riscos de uma pessoa sofrer fraturas. A reumatologista explica que as mulheres são mais acometidas pela doença porque existe uma relação direta entre a osteoporose e a menopausa.

Adriana Orcesi, professora livre-docente em ginecologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinal) e vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Osteoporose da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), afirma que, na menopausa, as mulheres param de produzir o estrogênio, hormônio que, entre outras ações, protege a massa óssea.

A ginecologista explica que, quando os ovários deixam de produzir o hormônio, acontece um aumento na reabsorção óssea e o processo de formação de massa óssea não acompanha a renovação.

Segundo o Ministério da Saúde, uma em cada três mulheres com mais de 50 anos sofrerá uma fratura por fragilidade óssea. A fratura de quadril em mulheres é mais comum que o câncer de mama, de acordo com a pasta.

COMO É O DIAGNÓSTICO

A osteoporose é diagnosticada por meio do exame de densitometria óssea, que mede a densidade dos ossos. Azevedo ressalta que a doença é silenciosa e só é descoberta “ao realizar o exame. Ou, eventualmente, se a pessoa sofre uma queda e tem uma fratura”.

O Ministério da Saúde informa que a osteoporose tem uma baixa taxa de diagnóstico —cerca de 80% dos indivíduos que sofreram uma fratura por fragilidade óssea não são diagnosticados.

Algumas fraturas podem ser assintomáticas, como a de vértebra, alerta Orcesi. “A pessoa não sente nada. E o sinal é quando a mulher diminui de altura, entre 2,5 e 4 cm, e vai ficando com aquela cifose torácica (curvatura da coluna vertebral na região do tórax)”, conta.

Um importante indício é a fratura do antebraço , segundo a ginecologista. “Ela é chamada de fratura sentinela. Geralmente, a mulher que fratura o antebraço e, em questão de 10 anos, ela pode ter a fratura de quadril, que é a mais grave”, destaca.

QUAL É O GRUPO DE RISCO

Segundo Azevedo, algumas pessoas são mais suscetíveis a desenvolver osteoporose: pessoas com doenças reumatológicas, pessoas que não conseguem praticar atividades físicas e pessoas que têm diabetes, já que ele “está muito relacionado também com à obesidade, com os hábitos de vida menos saudáveis”.

COMO É O TRATAMENTO E A PREVENÇÃO DE QUEDAS

Uma das opções de tratamento para a osteoporose durante a menopausa é a reposição hormonal, conta Orcesi. “É a primeira linha de tratamento para mulheres que estão na janela de oportunidade, ou seja, abaixo de 60 anos, com menos de 10 anos de menopausa, que tenham sintomas e que não tenham contraindicação”, explica.

Outras estratégias de tratamento são medicamentos que diminuem a perda da densidade dos ossos e remédios que recuperam a perda óssea e ajudam a formar o osso, conforme Azevedo.

Orcesi explica que a perda de massa óssea acontece de forma mais intensa nos primeiros anos da menopausa, porém o tratamento de osteoporose é contínuo e vai até o final da vida.

A reumatologista também recomenda a prática de exercícios físicos e uma alimentação rica em cálcio e em vitamina D. Em relação aos exercícios físicos, Azevedo lembra que é necessário priorizar atividades em que a pessoa não corra risco de queda.

“Com os meus pacientes, falo para fazer caminhada, musculação, pilates, mas não andar de skate, de patins, porque o risco de queda é muito grande e, se cair, o risco de fratura é maior”, conta.

Orcesi ressalta a importância de prevenir quedas no ambiente doméstico, evitando caminhar por pisos molhados, subir em bancos e usar sapatos que derrapem. Em casa, também é necessário tirar os tapetes.

Azevedo lembra que as quedas podem afetar a qualidade de vida do paciente, que pode ficar com dores crônicas, perder a autonomia e até morrer. “Uma fratura em uma pessoa mais jovem, ela coloca um gesso e dali 40 dias está tudo ótimo. Mas essa fratura numa mulher, por exemplo, com mais de 50 anos, pode impedir que ela faça atividades que fazia antes”, destaca.

Segundo Orcesi, também é preciso evitar cigarros, consumo excessivo de álcool e medicamentos que enfraquecem os ossos.

COMO PREVENIR A OSTEOPOROSE

Azevedo conta que a prevenção à osteoporose começa na infância, quando a criança tem um estilo de vida saudável, e consequentemente seu esqueleto poderá ser mais forte.

“A pessoa constrói uma caderneta de poupança de osso ao longo da infância, da adolescência e antes de chegar na menopausa. Quando chega, ela tem uma caderneta de poupança forte, grande, boa para não sofrer as consequências da osteoporose”, explica.

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JULIANA MATIAS / Folhapress

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