SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Tabata Amaral, 30, concorre pela primeira vez à Prefeitura de São Paulo. Deputada federal no segundo mandato e filiada ao PSB, ela tem a educação como principal bandeira política e é apoiada na disputa municipal pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB).
Nascida em família pobre, na Vila Missionária (zona sul), a candidata usa a própria história de superação e conquistas para pregar igualdade de oportunidades para as diferentes classes sociais e afirma que São Paulo precisa reconquistar a imagem de cidade que é referência em várias áreas.
Atualmente, Tabata declara patrimônio de R$ 807 mil, incluindo depósitos em conta corrente e aplicações de renda fixa.
Eleita deputada federal por São Paulo em 2018, saiu do PDT após uma crise por ter votado a favor da reforma da Previdência e migrou em 2021 para o PSB, partido pelo qual se reelegeu em 2022, com 337.873 votos, sendo a sexta mais votada no estado.
É também presidente municipal do PSB e namora o prefeito do Recife e colega de partido João Campos.
Ideologicamente, a deputada se situa na centro-esquerda, mas evita rótulos se apresenta como uma opção moderada e pragmática, distante dos polos representados por Ricardo Nunes (MDB), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e Guilherme Boulos (PSOL), candidato do presidente Lula (PT), a quem Tabata deu apoio na eleição de 2022.
A candidata foi pressionada a desistir da disputa para se aliar a Boulos e unificar o campo progressista, mas articulou um projeto próprio e conseguiu a garantia do comando do PSB de que poderia prosseguir com a campanha, considerada uma das prioridades do partido no atual pleito.
Ela buscou uma aliança com o PSDB, mas acabou isolada e chega à disputa sem nenhuma sigla coligada, o que se reflete em fatias menores de recursos de campanha e de tempo de exposição na propaganda de TV e rádio.
Tabata trabalhava com a ideia de ter como vice o apresentador José Luiz Datena, que entrou no PSDB em dezembro com essa finalidade. A deputada depois articulou a migração dele para o tucanato, na expectativa de que o partido se unisse a ela e indicasse Datena para vice, mas os planos mudaram.
O PSDB resolveu lançar Datena candidato a prefeito, e a deputada ficou sem o partido em sua chapa, apelando a uma solução caseira para a vice com a escolha da professora Lúcia França (PSB).
No Congresso, Tabata ganhou visibilidade no início do mandato ao confrontar o então ministro da Educação Ricardo Veléz Rodríguez durante reunião de comissão da qual faz parte. Um vídeo em que a parlamentar exige projetos concretos do ministro de Bolsonaro, e não “uma lista de desejos”, viralizou.
A parlamentar também destaca entre seus feitos um projeto, transformado em lei, que prevê a distribuição gratuita de absorventes em escolas e o texto que deu origem ao Pé de Meia, programa instituído por Lula que criou uma poupança para estudantes do ensino médio na rede pública.
Ela diz que, como parlamentar, busca “ser uma ponte entre esquerda e direita” -além de ter votado a favor da reforma da Previdência, ajudou a derrubar o veto do presidente Lula ao projeto que acaba com as saidinhas de presos.
Cientista política e astrofísica, Tabata é formada em Harvard, criou a ONG Mapa Educação e foi cofundadora do Movimento Acredito, de renovação política. Também fez parte da primeira turma do RenovaBR, projeto que se descreve como uma escola de formação de novos líderes políticos.
Durante a juventude, a deputada ganhou mais de 30 medalhas em competições escolares, como a Olimpíada Brasileira de Matemática. Uma bolsa permitiu que ela frequentasse uma escola particular na adolescência e, aos 18 anos, foi aceita na universidade americana.
Ela estudou nos Estados Unidos com auxílio de bolsa da Fundação Estudar, mantida pelo empresário Jorge Paulo Lemann.
Tabata foi eleita uma das cem jovens lideranças que estão mudando o mundo pela Time Magazine e uma das cem mulheres mais influentes do mundo pela BBC. Conheceu, entre outros, personalidades como a ativista paquistanesa e vencedora do Nobel da Paz, Malala Yousafzai, e o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Entre 2019 e 2022, foi colunista da Folha.
JOELMIR TAVARES / Folhapress