Quem fizer bravata na rua, ‘eu mato, pego’, vai ser chamado à delegacia, diz Lula

SANTARÉM, PA, E SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Dias após ter sido ameaçado de morte por um fazendeiro em Santarém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de um evento na cidade paraense nesta segunda-feira (7) e afirmou que quem fizer ameaças terá que se explicar à polícia.

“Eu fiquei sabendo que aqui nessa cidade teve um cara que foi preso porque disse que ia me matar. Eu sou homem de muita fé, tenho consciência do papel que eu jogo nesse país. Cachorro que late não morde. Então, qualquer cidadão que ficar fazendo bravata na rua, ‘eu mato, pego, eu bato, eu atiro’, ele vai ser chamado à delegacia”, afirmou o presidente.

Na última quinta-feira (3), a Polícia Federal prendeu um fazendeiro em Santarém (PA) suspeito de afirmar que daria um tiro no presidente quando ele visitasse a cidade. A ameaça foi denunciada por uma testemunha que estava no local e que acionou a PF.

Um dia depois, a Justiça Federal do Pará concedeu liberdade provisória ao fazendeiro, cuja defesa alegou que o comentário feito não foi em tom de ameaça.

Na sexta-feira (4), em Parintins (AM), o presidente disse não temer ameaças: “Se eu tivesse medo, eu não tinha nascido. Se eu tivesse medo, eu não era presidente da República. Aprendi com minha mãe a não ter medo de cara feia. Cachorro que late não morde”.

Em Santarém, Lula também fez um discurso em defesa por mais tolerância na política, mas destacou que não existe liberdade para ofender e que episódios como os ataques aos três Poderes no dia 8 de janeiro vão resultar em mais prisões.

“Eu voltei para provar que nós vamos ser mais tolerantes com quem não pensa igual a nós. Mas nunca mais repitam a tentativa de golpe que quiseram dar dia 8 de janeiro porque mais gente será presa, mais gente pagará o preço”, afirmou o presidente.

Conforme apontado pela Folha de S.Paulo neste domingo (6), as investigações da Polícia Federal devem apontar a participação parcial de militares nos ataques de 8 de janeiro.

O resultado dos inquéritos vai se contrapor ao desfecho da apuração feita pelo próprio Exército sobre a atuação dos militares que deveriam ter protegido o Palácio do Planalto. O inquérito policial militar livrou as tropas de culpa e apontou “indícios de responsabilidade” da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

O presidente Lula conheceu, na manhã desta segunda-feira, o Navio Hospital Escola Abaré, embarcação credenciada pelo SUS para levar saúde às populações ribeirinhas de áreas remotas da Amazônia. O projeto foi implantado na região do Baixo Tapajós pela ONG Projeto Saúde e Alegria em parceria com as prefeituras, universidades e organizações locais.

Depois, Lula participou da inauguração da infovia que liga Santarém (PA) a Manaus (AM), levando internet banda larga para 11 municípios da região. Representantes de sindicatos, lideranças indígenas, universitários e agricultores lotaram o local onde foi montada a estrutura para receber o presidente Lula.

Um forte esquema de segurança foi montado para a agenda oficial do presidente nas dependências da Universidade Federal do Oeste do Pará. Ruas que dão acesso à Unidade Tapajós, localizada as margens do rio Tapajós, foram isoladas por fiscais da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito.

Soldados da Cavalaria da Polícia Militar patrulhavam as áreas nas proximidades da universidade. Segundo a Superintendência de Polícia Civil do Baixo Amazonas, todo o efetivo de investigadores está de plantão na manhã desta segunda-feira.

Vias que ligam a periferia ao centro de Santarém registraram congestionamentos devido ao evento. Foi o caso da avenida Cuiabá, de onde vieram caravanas de comunidades da zona rural e cidades vizinhas.

Lula, a primeira-dama Janja e assessores passaram o fim de semana em Alter do Chão, distrito de Santarém e ficaram hospedados na Casa do Saulo, hotel e restaurante na praia do Carapanari, às margens do rio Tapajós. Ele ficou em um dos dez bangalôs do local.

No domingo (6), banhistas que estavam em uma praia do rio Tapajós afirmam ter sido retirados do local pela segurança do presidente Lula (PT) para a permanência do petista no local. A Presidência da República não comentou o caso. A Marinha disse que está apurando o caso.

MANOEL CARDOSO E JOÃO PEDRO PITOMBO / Folhapress

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