Redação
O coronel Erasmo Dias, agora homenageado pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi um dos expoentes da ditadura militar no Brasil (1964-1985) e um dos símbolos da repressão aos estudantes.
Nascido em Paraguaçu Paulista em 1924, formou-se na Escola Militar de Resende (atual Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio) aos 21 anos e subiu na carreira de forma ininterrupta. Em 1973, já como coronel, chegou a chefe do Estado Maior da 2ª Região Militar, em São Paulo.
Durante sua ascensão, participou, em 1962, de uma tentativa frustrada de depor João Goulart, então presidente da República. No golpe de dois anos depois, comandou a ocupação de uma refinaria em Cubatão (SP).
Sua notoriedade, contudo, viria apenas na década seguinte, quando atuou como secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo de 1974 a 1979, com duas breves interrupções.
Era setembro de 1977, e um decreto do presidente Ernesto Geisel proibia concentrações estudantis em todo o país. No dia 22, porém, a UNE (União Nacional dos Estudantes) desafiou aquela ordem com um encontro na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Cerca de 2.000 alunos se reuniam no local quando Erasmo Dias apareceu de surpresa. Os policiais liderados pelo coronel perseguiram os jovens com cassetetes e bombas. Prenderam centenas e feriram 19, sendo 18 mulheres duas das quais passaram cerca de um mês hospitalizadas.
Trinta anos depois, Erasmo Dias disse à Folha de S.Paulo que não se arrependia do episódio que marcou sua vida. “Não faria nada diferente”, disse. “Só usamos gás lacrimogêneo para fazer chorar e água fria pra esfriar a cabeça: são coisas ótimas para quem está de cabeça inchada.”
Sem arrependimentos, mas com mágoas. Em 2004, por exemplo, considerou-se merecedor de indenização pela repercussão da invasão da PUC. “Sou estigmatizado por ter defendido com unhas e dentes o Brasil contra o regime comunista putrefato”, disse.
Era um Erasmo Dias no fim de sua carreira política. Além de secretário na década de 1970, foi deputado federal (1979-1983, pela Arena), deputado estadual (1987-1999, pelo PDS e pelo PPR) e vereador (2001-2004, pelo PPB).
Morreu em 2010, aos 85 anos, em decorrência de um câncer no estômago e no fígado.
Como homenagem póstuma, o governo de Tarcísio de Freitas promulgou nesta quarta-feira (28) uma lei que dá a um entroncamento de rodovias de Paraguaçu Paulista o nome de “Deputado Erasmo Dias”.
A reitora da PUC-SP, Maria Amália Pie Abib Andery, professores e alunos da universidade assinaram uma nota de repúdio à homenagem.
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