SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Osman Lins, autor pernambucano que completa seu centenário nesta sexta, se destacou entre os escritores do século 20 por seus romances e contos. Ele era apaixonado por seu ofício e passou grande parte da vida buscando a realização literária.
Nasceu em Vitória de Santo Antão, cidade do interior de Pernambuco, em 5 de julho de 1924. Sua mãe morreu de complicações do parto e ele foi criado pela avó paterna. A família lhe providenciou uma ama de leite, Rosa, que foi nomeada na dedicatória de seu primeiro livro.
“Os Visitantes” saiu em 1955 e foi laureado, antes mesmo da publicação, com o prêmio da Sociedade Paulista de Escritores. Em seu romance de estreia, Lins já tinha traços marcantes como o rigor das frases e os personagens vigorosos.
O sonho de ser escritor começou desde jovem escreveu seu primeiro poema aos oito anos. Nos anos 1940, se mudou para Recife e trabalhou no Banco do Brasil enquanto publicava poemas em jornais locais.
Em 1946, Lins tinha concluído a faculdade de finanças, se casado e já tinha dois livros escritos, mas nenhum publicado. “Noite Profunda” e “Os Espelhos” nunca foram lançados porque o autor os via apenas como exercícios de escrita.
Sua primeira peça, “Lisbela e o Prisioneiro”, estreou no Rio de Janeiro em 1961, enquanto Lins passava uma temporada na França. A peça em três atos é uma de suas obras mais famosas, consagrada em 2003 com adaptação cinematográfica de Guel Arraes, em que Selton Mello e Débora Falabella interpretam o casal principal, Leléu e Lisbela.
“Avalovara”, o romance mais celebrado do escritor, foi escrito na década de 1970, quando Lins atuava como professor na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília, em São Paulo, e buscava seu título de doutor, que conquistou em 1973, mesmo ano de publicação do livro.
O romance parte da intersecção entre uma espiral e um quadrado para mergulhar no cerne da linguagem. O autor constrói a narrativa com evocações de obras musicais e arquitetônicas e une diferentes gêneros literários.
Ainda na década de 1970, seus livros começaram a ser publicados na Europa, para onde viajava com frequência. “Avalovara” foi traduzido para inglês, alemão, italiano e sueco.
Seu último livro, “Uma Cabeça Levada em Triunfo”, teve a produção interrompida quando o autor começou a sofrer com os sintomas de câncer, e nunca foi terminado. Osman Lins morreu em 8 de julho de 1978, três dias depois de completar 54 anos.
O escritor pernambucano era dominado pelo que ele chamava de “alegria de escrever”: se cobrava muito, mas era grato ao ofício que lhe dava um “sentido profundo”.
ISADORA LAVIOLA / Folhapress