SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pesquisa mostra que fundadores de startups têm mais experiência do que o estereótipo leva a crer, e faixa etária entre 35 e 54 anos. Bancos ampliam crédito ao brasileiro, ação das Lojas Renner em alta na Bolsa e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (12).
*QUEM SÃO E O QUE QUEREM…**
Fundadores de startups costumam ser jovens, recém-formados ou desistentes da faculdade, e com pouca experiência em negócios, certo? Na verdade, não é bem assim.
O estereótipo desses empreendedores diverge bastante do perfil revelado pela pesquisa Founders Overview 2024 no Brasil. O levantamento entrevistou 900 startups.
– 60% dos fundadores têm entre 35 e 54 anos, enquanto apenas 4% estão na faixa de 18 a 24 anos.
– 28% são mulheres, uma evolução em relação aos 24% de 2023.
DE ONDE VIERAM
As startups brasileiras tendem a ser compostas por pessoas mais qualificadas e experientes do que as do mercado americano.
A maioria dos fundadores (44,5%) veio do segmento corporativo. Muitos são empreendedores “de segunda viagem” (17,5%), e outros foram autônomos (12,3%).
↳ O percentual de ex-funcionários públicos chama a atenção: 6,5%.
AS ‘SKILLS’
Duas habilidades aparecem bastante na maioria dos empreendedores no Brasil, de acordo com Pedro Carneiro, diretor da investidora ACE Ventures: resiliência e flexibilidade.
– “Vemos a flexibilidade, por exemplo, ao observar a diversidade de setores. Tem muito empreendedor que não empreende no setor de origem. E também no uso de novas tecnologias. A gente tem uma taxa de adoção grande de inteligência artificial, com empreendedores sendo mais flexíveis. No perfil de liderança, a flexibilidade aparece porque eles tendem a assumir diversos papéis e liderar várias especialidades. Quanto à resiliência, precisam desenvolver para levar a empresa para além da média de cinco anos”, explica.
MADE IN BRAZIL
O Sebrae estima que existem 13.906 startups no país, com média de 2,4 sócios por empresa, atuando em 401 segmentos diferentes. Os três principais são: tecnologia da informação, educação e saúde.
O Sudeste segue como a principal região de startups, com 55% das empresas. O percentual, porém, caiu em relação aos 66,7% de 2023.
**… OS ‘STARTUPEIROS’ DO BRASIL**
O que move os ‘startupeiros’. Apesar da experiência, os empreendedores brasileiros compartilham uma característica com jovens idealistas: 77,6% acreditam que suas ideias podem mudar o mundo.
Outros fatores importantes para eles são a oportunidade de aumentar os ganhos financeiros (35%), liderar (18%) e alcançar mais flexibilidade no trabalho (15,7%).
TENDÊNCIAS
A pesquisa Founders Overview destaca algumas características do cenário atual no Brasil. As startups focadas em educação crescem fortemente, o que só tende a aumentar com a demanda de profissionais por novas habilidades.
↳ FinTechs, RetailTechs e ConstruTechs se mantêm fortes, refletindo a cristalização de demandas do cotidiano como a vida financeira, consumo e moradia.
↳ Empresas focadas em tecnologias e soluções verdes começam a se multiplicar.
CONHEÇA
Um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios escalável, trabalhando em condições de incerteza. Essa é uma das definições mais aceitas sobre o que é uma startup. Em inglês, o termo pode ser traduzido ao pé da letra como “empresa emergente”.
A escalabilidade é essencial para ampliar clientes e faturamento nesse mercado, sem aumento de custos. Por isso as empresas tendem a ser digitais, embora isso não seja uma regra.
↳ O modelo de negócio mais popular, a propósito, é o de assinatura de serviços digitais (SaaS). Em seguida vêm as vendas diretas e em marketplaces.
↳ Mais de 54% das empresas vendem serviços e produtos para outras empresas. Apenas 19% são direcionadas ao consumidor final.
TIRANDO DO PAPEL
Devido à incerteza inicial, os primeiros investidores são conhecidos por tolerarem grandes riscos, sendo chamados de “anjos”. Depois, costuma entrar em cena o capital de risco, para auxiliar na expansão. Ele é mais conhecido pelo termo em inglês “venture capital”.
O segmento movimentou R$ 7,4 bilhões em 2023, segundo a associação do setor Abvcap.
Uma dica. Às quintas-feiras destaco alguma startup em alta, geralmente com uma captação recente e proposta inovadora.
↳ A Recicli, destaque na semana passada, promete recuperar metais preciosos de aparelhos eletrônicos que seriam descartados.
**DINHEIRO MAIS FÁCIL**
Os bancos brasileiros estão oferecendo mais crédito aos consumidores. No último trimestre, Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander decidiram ampliar os riscos, pois os sinais são positivos. Bom para o consumidor. Entre os sinais positivos citados: inadimplência em queda e renda da população em alta.
↳ A maior carteira de crédito, a do Itaú, cresceu 7%, somando R$ 1,3 trilhão.
ENTENDA
Em termos simples, uma carteira de crédito é a soma dos recursos emprestados por um banco. Os formatos podem incluir financiamentos, empréstimos e cartões de crédito.
Essa oferta tende a aumentar em momentos de juros baixos na economia e de pouco risco de inadimplência.
QUEM BRILHOU
Itaú e Banco do Brasil são destaques positivos no setor. O Itaú tem a maior carteira, o melhor rentabilidade e a menor inadimplência.
No terceiro trimestre, o lucro do banco foi de R$ 10 bilhões, alta de 15%.
LOGO ATRÁS
O Banco do Brasil segue em segundo lugar, com uma carteira de crédito e rentabilidades também fortes, assim como inadimplência em baixa.
↳ No terceiro trimestre, o lucro foi de R$ 9,5 bilhões, alta de 8%.
EM RECUPERAÇÃO
Santander e Bradesco foram as instituições que mais sofreram com a alta da inadimplência nos últimos anos. O Bradesco enfrentou problemas de eficiência, mas os números atuais são positivos.
O Santander também melhorou seus indicadores após o impacto bilionário do calote da Americanas em 2023. O banco é um dos principais credores da companhia.
O QUE VEM PELA FRENTE
O pior cenário para os bancos seria crescer muito em um ambiente positivo, que depois piora. Essa é a visão de Eduardo Rosman, analista do BTG Pactual.
Um ambiente negativo seria um com novas altas do dólar e da inflação, que levariam a um aumento dos juros pelo Banco Central. Rosman, no entanto, não vê isso como provável.
OS JUROS
A queda da taxa básica de juros, a Selic, de 13,75% para 10,50% no último ano, impactou positivamente o custo do crédito para os consumidores.
Cálculos da associação de contabilistas Anefac estimam que os juros do crédito pessoal caíram de 4% para 3,70% ao mês, por exemplo.
↳ Isso fez o custo de um empréstimo de R$ 5.000 cair de R$ 6.393 para R$ 6.282 depois 12 meses.
FINANCIAMENTO EM CONTA
A taxa para financiar um carro de R$ 50 mil caiu quase 1%, resultando em uma economia de mais de R$ 3.700.
↳ O movimento tem estimulado, inclusive, as vendas de automóveis, como destaquei nesta edição da newsletter.
**DE OLHO NA BOLSA**
Lojas Renner, cujas ações subiram 6,5%
O setor de varejo brasileiro segue na mira dos investidores depois que a Renner divulgou números melhores que o esperado na última semana. As ações subiram 6,5% apenas no pregão de sexta, enquanto a empresa recebia elogios de analistas.
As vendas tiveram leve alta, de 3%, somando R$ 3,079 bilhões. O lucro cresceu 37%, a R$ 315 milhões, acima do estimado.
↳ Os 3% de alta é menor que o ritmo das concorrentes C&A (13%) e Riachuelo (9%), mas acima do desempenho médio estimado para o setor de varejo no trimestre, a ser divulgado pelo IBGE.
↳ A empresa afirma que o resultado é fruto da boa administração de estoques, com prazo médio dos itens guardados em queda, e da redução de custos.
ENTENDA
As expectativas eram baixas para a companhia gaúcha, dona também da YouCom, Ashua e Camicado.
A Renner chegou a fechar 20 lojas durante as enchentes do Rio Grande do Sul. As temperaturas mais altas no Sudeste e Sul nos últimos meses também jogavam contra porque tendem a desestimular a compra de roupas.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
MERCADO
Disney anuncia expansão do Magic Kingdom, novas atrações e aumento de cruzeiros. Companhia divulga maior ampliação do parque, duas montanhas-russas e quatro navios de cruzeiro.
DIA DOS PAIS
Licença-paternidade estendida vira trunfo para empresas, mas poucos têm acesso. Apesar de funcionários demonstrarem interesse por afastamento por mais tempo, adesão de empresas ainda é considerada baixa.
GOVERNO LULA
Senado dá como certa indicação de Galípolo para comandar o BC. ‘Acho que é o Gabriel mesmo’, diz presidente de comissão que fará sabatina.
VICTOR SENA / Folhapress